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Oyama: Colapso da saúde em Manaus faz Pazuello gaguejar na CPI

Do UOL, em São Paulo*

19/05/2021 14h00Atualizada em 19/05/2021 14h52

A colunista do UOL Thaís Oyama disse hoje, durante o UOL News, que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello gaguejou diversas vezes durante o seu depoimento à CPI da Covid ao ser questionado sobre o colapso da saúde de Manaus e de todo o estado do Amazonas, ocorrido no início deste ano.

O ministro Pazuello se estrepou todo, gaguejou, porque esse assunto Manaus faz o ministro Pazuello gaguejar. E faz o ministro Pazuello gaguejar por vários motivos.
Thaís Oyama no UOL News

Segundo a colunista, entre os motivos estão o receio de Pazuello ser processado e condenado no STF (Supremo Tribunal Federal) por responsabilização no colapso da saúde de Manaus e de todo o Amazonas, além de temer este inquérito, que foi solicitado pelo procurador-geral da república, Augusto Aras, aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O colapso do sistema de saúde do Amazonas ocorreu a partir de 14 de janeiro deste ano, com UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) superlotadas, falta de vagas em hospitais e falta de oxigênio para o tratamento dos pacientes com covid-19 nas redes particular e pública.

"[Aras] Nunca decepcionou, nunca deixou na mão, o presidente Bolsonaro, de quem ele é um fiel aliado. Pazuello esperava um tratamento semelhante, dado que ele também é um aliado do presidente Bolsonaro. Só que, para surpresa dele, o Augusto Aras deu um tratamento totalmente diferente do que ele costuma dar para o presidente. E isso acendeu todos os alertas vermelhos na cabeça do Pazuello que, não à toa e não sem justificativa, morre de medo de ser jogado aos leões pelo governo", declarou a colunista.

Para Oyama, "o sofrimento dele [Pazuello] não vai acabar hoje, porque ele prometeu coisas que agora vai ter que entregar", referindo-se aos documentos citados pelo general durante o seu depoimento, entre eles, a comprovação de que a pasta respondeu a Pfizer, responsável pela fabricação de vacinas contra a covid-19. De acordo com o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, que depôs na CPI na última semana, o laboratório não teve resposta do governo federal.

Meias verdades

A colunista ainda declarou que o ex-ministro está trabalhando com "truques semânticos" para responder às perguntas dos senadores da CPI.

Ao ser questionado sobre receber ordens para não comprar vacina, o general alegou que, diretamente, "nunca o Presidente da República mandou eu desfazer qualquer contrato". No entanto, para a colunista, os mandos podem ter sido feitos indiretamente pelo atual mandatário.

"Todo mundo notou que ele falou que o presidente nunca deu ordem direta para ele comprar ou deixar de comprar a CoronaVac. Aí tem um truque. O Pazuello está trabalhando no terreno das meias verdades e dos truques semânticos. Isso é um truque, é uma meia verdade. Ele não vai ser processado por isso, porque, de fato, o presidente nunca deu uma ordem direta para ele não comprar CoronaVac. Mas, atenção! Ele sempre fala 'nunca recebi uma ordem direta'. Porque o Bolsonaro, de um jeito ou de outro, deu sim uma ordem", ponderou a colunista.

*Com informações de Estadão Conteúdo

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.