Josias: 'Na CPI, Pazuello contou mentiras com muita sinceridade'
O colunista do UOL Josias de Souza disse que o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, contou "mentiras com muita sinceridade" na CPI da Covid, que investiga ações e omissões do governo federal durante a pandemia.
"No segundo dia de depoimento, Eduardo Pazuello evocou a sua condição de militar para dizer que tem grande apreço à verdade, que a verdade consta no Estatuto do Exército. Curiosamente, a exemplo do que fizera no dia anterior, o general disse muitas mentiras, e disse as mentiras com enorme sinceridade", disse ele ao UOL News.
Ontem, Pazuello omitiu detalhes sobre o lançamento de um aplicativo do governo federal que recomendava o uso de remédios sem eficácia comprovada para a covid-19 e sobre a destinação de hidroxicloroquina —um destes medicamentos ineficazes— pela pasta durante sua gestão.
O ex-ministro também negou ter comprado hidroxicloroquina, mas uma plataforma oficial de distribuição de medicamentos do Ministério da Saúde afirma que foram entregues 609 mil doses do remédio a estados e municípios entre setembro de 2020 e abril de 2021. A distribuição está vinculada ao programa do ministério para a covid-19.
Pazuello se saiu muito mal, mas a CPI conseguiu se sair pior."
Josias de Souza, colunista do UOL
"O relator Renan Calheiros disse ter detectado 14 mentiras do Pazuello, mas, embora o requerente estivesse ao seu lado, não reinquiriu Pazuello. A CPI dispunha de 10 e-mails da Pfizer que mostram o quadro de 'embromação' do governo e o Renan não usou disso."
Documentos da CPI da Covid obtidos pela Folha de S.Paulo mostram a insistência da Pfizer para negociar vacinas com o governo e a ausência de respostas conclusivas do Ministério da Saúde à proposta apresentada pela empresa no meio do ano passado.
De 14 de agosto a 12 de setembro de 2020, foram ao menos dez e-mails enviados pela farmacêutica discutindo e cobrando resposta formal do governo sobre a oferta apresentada.
Segundo Josias, Pazuello fez o que se esperava: blindou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e "fugiu de responsabilidade que todos imaginavam que eram suas" —o ministro chegou a declarar que o colapso hospitalar em Manaus e a falta de oxigênio foram culpa da empresa fornecedora do insumo e de autoridades locais.
"Quem ouviu o Pazuello ficou sem saber o que fazia o general do Ministério da Saúde. A única certeza disponível é que ele não estava cuidando dos interesses da população brasileira."
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