CPI: Senador quer que Arthur Weintraub explique atuação pró-cloroquina
O ex-assessor do Palácio Arthur Weintraub deve ser convocado à CPI da Covid, no Senado Federal, para explicar a sua atuação em favor do incentivo ao uso de medicamentos sem eficácia científica contra a covid-19, como a cloroquina e a hidroxicloroquina.
O pleito foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e deve ser analisado e votado na próxima quarta-feira (26).
Como a oposição e os críticos ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) têm maioria na comissão, a perspectiva é de que a convocação do ex-assessor, irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, seja aprovada.
Weintraub atuava dentro do Palácio do Planalto no núcleo que ficou conhecido como "ala ideológica" do governo.
Fã do ideário do guru de extrema direita Olavo de Carvalho, ele e outros quadros eram responsáveis pela promoção do "bolsonarismo" junto a grupos conservadores e aos seguidores do presidente da República nas redes sociais.
Em agosto de 2020, período em que o governo brasileiro acelerava a campanha em defesa do que passou a chamar de "tratamento precoce" (estímulo à cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada), Weintraub foi designado "especialmente" por Bolsonaro para "acompanhar questões relativas ao tratamento precoce da covid-19".
O fato foi tema de uma postagem oficial da Secom (Secretaria de Comunicação Especial) nas redes sociais. Na prática, Weintraub recebeu a missão de intermediar o diálogo entre o governo e um grupo de médicos defensores da cloroquina, autodenominado "Médicos pela Vida".
Com a articulação de Weintraub, o Médicos pela Vida foi recebido por Bolsonaro em agenda oficial no Palácio do Planalto que foi batizado pelo governo de "Vencendo a covid-19".
Naquele mesmo dia, em 24 de agosto, o Brasil ultrapassava a marca de 115 mil mortes em decorrência da pandemia. O país se mantinha na segunda posição mundial em números de casos e óbitos pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos.
De acordo com o senador Alessandro Vieira, a CPI pretende cobrar de Weintraub esclarecimentos sobre a sua atuação "na estrutura extraoficial de assessoramento no combate à pandemia".
O "assessoramento extraoficial" se dá, na visão dos parlamentares de oposição ao governo, porque havia, dentro do Palácio do Planalto, membros do governo sem formação médica ou qualquer ligação com o Ministério da Saúde atuando em questões relativas ao enfrentamento à covid-19. Exemplo disso foi o depoimento do ex-chefe da Secom Fábio Wajngarten, que disse ter tomado a iniciativa de intermediar conversas com a Pfizer para compra de vacinas.
"As orientações deste grupo foram contrárias ao consenso técnico global e causaram prováveis prejuízos à saúde pública", afirmou o congressista.
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