Schelp: Pazuello mostra que há o presidente lacrador e o que não governa

Para o colunista do UOL Diogo Schelp, o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Covid deixa a impressão de existirem dois presidentes da República diferentes: um "lacrador", que age pensando nas redes sociais, e outro que, na verdade, não governa.

"Foi uma mentira atrás da outra", disse o colunista nesta edição do Baixo Clero, o podcast de política do UOL (veja a partir de 35:45). À comissão, Pazuello disse que Jair Bolsonaro (sem partido) nunca lhe deu ordens para nada e negou que o presidente tenha mandado cancelar qualquer acordo ou contrato com o Instituto Butantan, responsável pela produção da CoronaVac.

O instituto é ligado ao governo de São Paulo —o governador João Doria (PSDB) é considerado um desafeto do presidente. Schelp lembrou que o próprio Bolsonaro afirmou que estava ordenando o cancelamento do acordo com o Butantan em entrevistas e nas redes sociais.

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"E o Pazuello teve a pachorra de dizer que Bolsonaro nunca tinha proibido nem mandado cancelar intenção de compra nenhuma. Dizendo que uma coisa era o presidente de internet, e outra, o presidente na cadeira lá no Palácio do Planalto. O que é um absurdo tremendo", disse o colunista (veja a partir de 35:45).

À CPI, o general disse que a declaração dada por ele, no ano passado, de que um manda e outro obedece —fazendo referência ao presidente da República— seria apenas um "jargão militar", uma "posição de internet".

"Então quer dizer que tem o presidente lacrador e o presidente dos bastidores, que, segundo relata Pazuello, nunca deu ordem nenhuma para nada. A única decisão que Bolsonaro fez em toda a pandemia foi negar ajuda para Manaus", afirmou Schelp (veja a partir de 36:59).

Em seu depoimento, o ex-ministro da Saúde disse que, em reunião com a presença de Bolsonaro, de ministros e do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), o governo federal optou por não intervir no estado durante a crise aguda vivida pelos amazonenses no início deste ano com falta de oxigênio para ajudar pacientes em situação crítica.

"Das duas, uma. Ou o Brasil não tem presidente nenhum, Bolsonaro não governa, ou Pazuello está mentindo. Ou as duas coisas, que é o mais provável", disse o colunista (veja a partir de 37:39).

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