'Brasil não é obrigado a seguir orientação da OMS', diz 'Capitã Cloroquina'
A servidora do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro declarou na manhã de hoje, em depoimento à CPI da Covid, considerar que o Brasil "não é obrigado" a seguir as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde). E, caso o tivesse feito, teria "falhado" em vários aspectos do enfrentamento à pandemia da covid-19.
Os questionamentos foram direcionados para a depoente, que exerce o posto de secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, no contexto dos debates sobre a cloroquina e hidroxicloroquina.
Mayra é defensora do uso desses medicamentos, que não têm eficácia científica comprovada no tratamento da covid-19. Já a OMS recomendou em julho do ano passado que, diante dos resultados clínicos obtidos à época, a interrupção do uso da cloroquina e hidroxicloroquina no combate aos sintomas provocados a partir da contaminação.
É preciso que a gente deixe, primeiramente, claro, que a OMS é um braço da ONU que trata das questões relativas à saúde. Embora o Brasil seja signatário dessa entidade, o Ministério da Saúde de todos os países são órgãos independentes e têm sua autonomia para tomada de decisões de acordo com as situações locais
Mayra Pinheiro
Na perspectiva de Mayra, a OMS retirou as orientações desses medicamentos para o tratamento da covid baseadas em estudos de "qualidade metodológica questionável".
A secretária alegou que os estudos se baseavam na observação dos efeitos da cloroquina na fase "tardia da doença" e alega que já é sabido que "não há benefícios aos pacientes" nesta fase.
A médica cearense Mayra Pinheiro ficou conhecida como 'capitã cloroquina' depois de defender publicamente, em especial pelas redes sociais, o uso do medicamento. Ela esteve à frente das ações de combate à pandemia em Manaus, no Amazonas, durante o colapso do sistema de saúde que ocorreu entre o final de dezembro de 2020 e janeiro de 2021.
'Capitã cloroquina' tem o direito de ficar calada
Mayra Pinheiro obteve um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) que dá direito de se calar ao ser questionada sobre o colapso da rede de saúde do Amazonas que possam formar provas contra si. A situação na capital amazonense foi agravada entre o fim de dezembro de 2020 e janeiro deste ano.
Ela terá esse direito porque o assunto é foco de investigações do MPF (Ministério Público Federal). A Procuradoria apura se Mayra e seu ex-chefe, o general do Exército Eduardo Pazuello — que atuou como Ministro da Saúde — e outras cinco pessoas são os responsáveis pelo agravamento da crise sanitária em Manaus.
O gabinete temporário na capital amazonense foi montado por Mayra Pinheiro durante a crise sanitária na região.
* Com a colaboração de Ana Carla Bermúdez
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