Membros do Patriota acionam TSE contra manobra para filiar Bolsonaro
Membros do Patriota entraram com ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para garantir participação nas decisões internas do partido e suspender medidas adotadas pelo presidente da sigla. O contexto é a filiação do senador Flávio Bolsonaro ao partido, anunciada hoje, e a possibilidade de filiação de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, atualmente sem partido.
No texto da ação, os integrantes da legenda acusam o presidente nacional do partido, Adilson Barroso, de conduzir negociações sem transparência para a filiação dos Bolsonaro. Eles afirmam que parte dos dirigentes do partido "vêm tomando ciência pelos jornais" de reuniões ou conversas articuladas com Barroso com Bolsonaro.
Em entrevista ao jornal O Globo, Jorcelino José Braga, secretário-geral do Patriota e um dos peticionários, afirmou ainda que a filiação de Flávio era desconhecida. Para ele, o presidente da sigla "assaltou o partido".
Segundo Braga, Adilson convocou a convenção nacional sem assinatura do vice-presidente — o que era praxe desde a incorporação do PRP (Partido Republicano Progressista) em 2018 — e promoveu "um monte de mudanças no Estatuto que não foram discutidas com ninguém", entre elas a substituição de membros do diretório nacional.
Procurado pelo UOL, o presidente nacional do Patriota ainda não se manifestou sobre as acusações.
Segundo os filiados que entraram com a ação, vem da época da incorporação os rumores de que o presidente do partido quer, por vontade pessoal, filiar Jair Bolsonaro, o que, alegam, vai contra a convenção partidária e ameaça o pleno exercício da democracia interna partidária.
Eles esclarecem, porém, que não são contrários à filiação de Bolsonaro ao partido, mas querem que sejam respeitados os ritos internos. "Não cabe a apenas um de seus pares decidir questões nacionais de forma individual".
"Sabendo-se que o Exmo. Sr. Presidente da República Jair Bolsonaro tem pretensões à reeleição e busca acomodar diversos apoiadores e mandatários, compete à convenção nacional do Patriota decidir democraticamente se o partido terá candidatura presidencial própria em 2022 e, em caso positivo, se é vontade da maioria que o candidato seja o Exmo. Sr. Presidente da República Jair Bolsonaro e que seus apoiadores ocupem posições no Patriota", diz o texto enviado ao TSE.
A ação foi proposta por Ovasco Roma Altimari Resende, vice-presidente do Patriota, Jorcelino José Braga, Fred Costa, deputado federal por Minas Gerais, Junior Marreco, ex-deputado federal pelo Maranhão, Barbara Machado Cherulli Altimari Resende de Freitas, Ulisses Ramalho de Almeida, Jorge Luiz de Paula Martins e André Luiz Alves. Todos são representados pela advogada Fernanda Cristina Caprio.
O UOL entrou em contato com o Patriota e com a advogada dos integrantes da sigla, mas ainda não obteve resposta.
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