Senador defende tratamento contra covid-19 sem eficácia comprovada
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) defendeu o tratamento precoce, no início da tarde desta segunda-feira (31), e disse que o uso de medicamentos, como cloroquina e ivermectina, deve continuar mesmo com o avanço da vacinação. O tratamento precoce, como é conhecido, não tem eficácia comprovada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), entre outras (veja abaixo).
"Precisamos continuar com o tratamento precoce e a vacinação. Não podemos abandonar o tratamento precoce. Poderíamos ter evitado metade das mortes se tivéssemos usado", afirmou em entrevista ao programa Opinião no Ar da RedeTV! "Os médicos prescrevem o que querem, e os tratamentos estão mostrando resultados", complementou.
Heinze criticou os governadores e disse que a "cobra vai fumar" quando eles começarem a ser ouvidos. "Semana que vem, começaremos as oitivas com governadores, aí é o caminho do dinheiro, do dinheiro mal gasto. Cada governador terá que falar de onde vem o dinheiro que usou e como aplicou".
O senador também aproveitou para defender o governo federal sobre a gestão e logística das vacinas. "Vi críticas da falta de vacina na Europa, ou seja, a falta acontece aqui e em qualquer lugar. O grosso foi feito pelo governo federal".
CPI da Covid ouve médica pró-cloroquina
A CPI da Covid, no Senado, entra hoje na quinta semana de depoimentos e tem pela frente entrevistas com perfil técnico, mas que podem contribuir para o aumento da tensão entre aliados do presidente Jair Bolsonaro e a oposição.
Amanhã (1º), os parlamentares ouvem a médica Nise Yamaguchi, que defende a hidroxicloroquina e o chamado "tratamento precoce" e chegou a ser cotada para assumir o Ministério da Saúde no ano passado. Na quarta-feira, a comissão terá um debate entre especialistas. Não há previsão de sessão na quinta.
A audiência com a imunologista é aguardada com expectativa por parte de senadores que formam o bloco que une a oposição e a ala independente, porém contrária ao governo. A médica, que integrou a chamada "estrutura de assessoramento paralelo" de Bolsonaro na pandemia, será confrontada com questões relacionadas ao incentivo do uso de cloroquina e hidroxicloroquina — embora não haja evidências científicas de sua eficácia contra a doença.
O assunto tem sido um dos focos dos congressistas pelo fato de Bolsonaro ser entusiasta desses medicamentos, na contramão do que diz a comunidade científica. Em 2020, o Planalto acionou o Exército para aumentar a produção da cloroquina, cuja prescrição foi chegou a ser recomendada pelo Ministério da Saúde.
Tratamento precoce não tem eficácia comprovada
Não há qualquer substância que tenha eficácia comprovada para prevenção ou tratamento precoce da covid-19. Há medicamentos que controlam sintomas, como febre. Algumas substâncias vêm sendo usadas em casos de pacientes hospitalizados, como o rendesivir, cujo uso é autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o corticoide dexametasona.
Em outubro, a OMS publicou que havia evidências conclusivas da ineficácia da hidroxicloroquina para a covid-19. Além disso, desde dezembro, tanto a cloroquina como a hidroxicloroquina são inclusive contraindicadas pela OMS para pacientes da doença. A maioria dos fabricantes brasileiros de cloroquina não recomenda o remédio para covid-19.
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