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Senador defende tratamento contra covid-19 sem eficácia comprovada

Senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), durante a CPI da Covid - Leopoldo Silva/Agência Senado
Senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), durante a CPI da Covid Imagem: Leopoldo Silva/Agência Senado

Colaboração para o UOL

31/05/2021 13h56

O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) defendeu o tratamento precoce, no início da tarde desta segunda-feira (31), e disse que o uso de medicamentos, como cloroquina e ivermectina, deve continuar mesmo com o avanço da vacinação. O tratamento precoce, como é conhecido, não tem eficácia comprovada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), entre outras (veja abaixo).

"Precisamos continuar com o tratamento precoce e a vacinação. Não podemos abandonar o tratamento precoce. Poderíamos ter evitado metade das mortes se tivéssemos usado", afirmou em entrevista ao programa Opinião no Ar da RedeTV! "Os médicos prescrevem o que querem, e os tratamentos estão mostrando resultados", complementou.

Heinze criticou os governadores e disse que a "cobra vai fumar" quando eles começarem a ser ouvidos. "Semana que vem, começaremos as oitivas com governadores, aí é o caminho do dinheiro, do dinheiro mal gasto. Cada governador terá que falar de onde vem o dinheiro que usou e como aplicou".

O senador também aproveitou para defender o governo federal sobre a gestão e logística das vacinas. "Vi críticas da falta de vacina na Europa, ou seja, a falta acontece aqui e em qualquer lugar. O grosso foi feito pelo governo federal".

CPI da Covid ouve médica pró-cloroquina

A CPI da Covid, no Senado, entra hoje na quinta semana de depoimentos e tem pela frente entrevistas com perfil técnico, mas que podem contribuir para o aumento da tensão entre aliados do presidente Jair Bolsonaro e a oposição.

Amanhã (1º), os parlamentares ouvem a médica Nise Yamaguchi, que defende a hidroxicloroquina e o chamado "tratamento precoce" e chegou a ser cotada para assumir o Ministério da Saúde no ano passado. Na quarta-feira, a comissão terá um debate entre especialistas. Não há previsão de sessão na quinta.

A audiência com a imunologista é aguardada com expectativa por parte de senadores que formam o bloco que une a oposição e a ala independente, porém contrária ao governo. A médica, que integrou a chamada "estrutura de assessoramento paralelo" de Bolsonaro na pandemia, será confrontada com questões relacionadas ao incentivo do uso de cloroquina e hidroxicloroquina — embora não haja evidências científicas de sua eficácia contra a doença.

O assunto tem sido um dos focos dos congressistas pelo fato de Bolsonaro ser entusiasta desses medicamentos, na contramão do que diz a comunidade científica. Em 2020, o Planalto acionou o Exército para aumentar a produção da cloroquina, cuja prescrição foi chegou a ser recomendada pelo Ministério da Saúde.

Tratamento precoce não tem eficácia comprovada

Não há qualquer substância que tenha eficácia comprovada para prevenção ou tratamento precoce da covid-19. Há medicamentos que controlam sintomas, como febre. Algumas substâncias vêm sendo usadas em casos de pacientes hospitalizados, como o rendesivir, cujo uso é autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o corticoide dexametasona.

Em outubro, a OMS publicou que havia evidências conclusivas da ineficácia da hidroxicloroquina para a covid-19. Além disso, desde dezembro, tanto a cloroquina como a hidroxicloroquina são inclusive contraindicadas pela OMS para pacientes da doença. A maioria dos fabricantes brasileiros de cloroquina não recomenda o remédio para covid-19.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.