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GO: PM que prendeu petista que exibia faixa 'Bolsonaro genocida' é afastado

Carro do secretário estadual do PT de Goiás, Arquidones Bites, durante protesto contra Jair Bolsonaro - Reprodução/Twitter
Carro do secretário estadual do PT de Goiás, Arquidones Bites, durante protesto contra Jair Bolsonaro Imagem: Reprodução/Twitter

Beatriz Gomes

Do UOL, em São Paulo*

01/06/2021 13h40Atualizada em 01/06/2021 14h32

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) do estado de Goiás confirmou ao UOL que o policial militar responsável por prender um dirigente do PT (Partido dos Trabalhadores) foi afastado de suas atividades operacionais.

O caso aconteceu ontem em Trindade, Goiás, e Arquidones Bites, secretário estadual de Movimentos Populares do PT de Goiás, foi detido por usar uma faixa no capô de seu carro com os dizeres "fora, Bolsonaro genocida", em referência ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"O policial militar, envolvido nesse fato lamentável, foi afastado de suas funções operacionais. Ele responderá a inquérito policial e procedimento disciplinar para apuração de sua conduta", declarou a pasta ao UOL.

A SSP ainda comunicou que o governo de Goiás não apoia nenhum tipo de abuso de autoridade.

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Segurança, informa que não coaduna com qualquer tipo de abuso de autoridade, venha de onde vier. Assim sendo, todas as condutas que extrapolem os limites da lei são apuradas com o máximo rigor, independentemente do agente ou da motivação de quem a pratica.
Secretaria de Segurança Pública

Apesar de questionada pela reportagem, a SSP não divulgou a identidade do PM afastado.

Prisão

Em um vídeo publicado nas redes sociais do partido, a presidente do PT de Goiás, Kátia Maria, afirmou que a justificativa usada pelos agentes para prender Arquidones foi a Lei de Segurança Nacional. Esta prevê os crimes que põem em risco a soberania nacional e chefes dos poderes da União.

Segundo a dirigente do partido, Arquidones Bites foi detido e levado para uma delegacia da Polícia Civil de Trindade, que teria se recusado a registrar a ocorrência. Os policiais que detiveram o secretário então o encaminharam para a Superintendência Regional da PF, em Goiás, onde ele prestou depoimento. Ele foi liberado por volta das 22h (horário de Brasília).

"Fui preso, fui quase enforcado, levei empurrão, soco, mas estamos na luta", acusou Arquidones, ao deixar a Polícia Federal. Ele emendou: "Fora, Bolsonaro genocida".

Procurada pelo UOL, a Superintendência Regional da Polícia Federal em Goiás declarou que "após realizar a oitiva de todos os envolvidos, entendeu-se não ter havido transgressão criminal de dispositivo tipificado na Lei de Segurança Nacional. A Polícia Federal reafirma seu comprometimento no combate à criminalidade em todas as suas vertentes, respeitando o Estado Democrático de Direito".

Abordagem

Um vídeo feito pelo próprio Arquidones mostra o momento da abordagem. Nesta hora, o oficial lê o artigo 26 da Lei de Segurança Nacional e afirma que, se Arquidones não retirasse a faixa, seria levado preso.

Kátia Maria gravou a chegada do secretário do partido na superintendência da PF em Goiânia. Nas imagens é possível ver o policial que o deteve relatando o fato e afirmando que Arquidones o teria desacatado. O petista, porém, protestou e afirmou que o policial não estava falando a verdade e que ele havia sido espancado pelos oficiais.

"Nós estamos aqui, indignados, mas também acompanhando muito de perto para que a justiça seja feita e para que a gente possa garantir as liberdades democráticas", afirmou Kátia Maria, enquanto esperava para que Arquidones prestasse depoimento.

Arquivaldo Filho, presidente do PT de Trindade e irmão de Arquidones, publicou em seu Instagram um vídeo no qual captura o momento da liberação. Ele e o vereador da capital goiana Mauro Rubem (PT), em frente ao local onde Arquidones estava detido, falavam sobre o caso quando palmas e gritos anunciaram a soltura de Arquidones.

Ao deixar a superintendência da PF, Arquidones foi acompanhado por militantes que celebraram aos gritos de "viva a liberdade", "fora Bolsonaro" e "genocida".

"Eu tenho certeza que muita gente que não está aqui neste momento, mas que ficou sabendo, com certeza essas pessoas não estão de acordo com o que foi feito. Eu estou nervoso, não sei se vocês sabem, nós somos nove irmãos, foi morrer justamente o caçula. Ele saiu da ordem, porque o presidente da República, esse genocida, não comprou vacina. Não podemos aceitar isso, gente", discursou Arquidones.

Um dia após a detenção de Arquidones, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), retuítou um texto sobre abuso de autoridade.

*Com informações de Sara Baptista, do UOL, em São Paulo