Kennedy Alencar: Governo 'passou pano' para fechar acordo com Covaxin
O colunista do UOL, Kennedy Alencar, disse hoje que o governo federal "passou pano" para fechar a compra da Covaxin por preço 1000% a mais alto do que anunciado pela fabricante. Segundo ele, o caso é um escândalo que pode manchar o "bordão" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que não há corrupção no seu governo.
"Já há elementos para cancelar a compra da Covaxin devido a suspeitas de corrupção e agora suspeitas de envolvimento direto do Presidente da República. Está muito claro que o contrato tem que ser anulado. Pode ser um grande caso de corrupção no governo Bolsonaro", disse Alencar ao UOL News.
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Para o colunista, o governo "passou pano" para fechar o acordo com a Precisa Medicamentos, que intermediou a compra da Covaxin. "É muito suspeito. Em relação a Pfizer, muita má vontade, discussão das cláusulas. Já em relação a Covaxin, passando pano e sendo tolerante. Há muitas suspeitas de corrupção nesse caso. É preciso investigar mais".
O presidente Bolsonaro e seus filhos são especialistas em rachadinhas. Todo o patrimônio que eles construíram tem suspeita de ser erguido à sombra da corrupção. Esse bordão do presidente de que o governo dele não tem corrupção é uma mentira."
Kennedy Alencar, colunista do UOL
Alencar ressalta a atuação direta do presidente Bolsonaro e do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no acordo para a compra da Covaxin. "Tem coelho nesse mato, tem cara de corrupção, cheiro de corrupção, parece corrupção. Claro, todo mundo tem o benefício da dúvida, mas evidências estão aí".
O colunista também defende que a CPI da Covid, que investiga ações e omissões do governo durante a pandemia, seja prorrogada para investigar o caso.
Segundo revelou reportagem do Estadão, o Ministério da Saúde pagou, em fevereiro, US$ 15 por unidade da Covaxin (R$ 80,70, na cotação da época) — a mais cara das seis vacinas compradas até agora. A ordem para a aquisição da vacina partiu pessoalmente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A negociação durou cerca de três meses, um prazo bem mais curto que o de outros acordos. No caso da Pfizer, foram quase onze meses, período em qual o preço oferecido não se alterou (US$ 10 por dose).
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