CPI vai investigar por que governador do AM não foi indiciado, diz Aziz
Presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) disse hoje que a comissão vai investigar por que o deputado estadual Fausto Júnior (MDB-AM) não indiciou o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), por supostos erros no enfrentamento à covid-19. Júnior foi relator da CPI da Saúde, que apurou o superfaturamento de equipamentos médicos comprados pelo governo amazonense durante a pandemia.
"Vamos investigar o motivo de o relator Fausto Júnior não ter indiciado o governador em seu relatório na CPI da Saúde. Já pedi ao senador Renan Calheiros [(MDB-AL)] e confio que a CPI do Senado não cometerá o mesmo erro. Vamos, sim, indiciar quem quer que seja responsável pelos erros no enfrentamento à pandemia", escreveu Aziz em uma rede social.
O requerimento para convocação de Fausto Júnior, que depôs hoje à CPI da Covid, é de autoria do senador Marcos Rogério (DEM-RO) e foi aprovado em 16 de junho. No pedido, Rogério argumentou que, desde 2020, o governo do Amazonas é alvo de investigações coordenadas pela Polícia Federal referentes a fraudes em compras emergenciais e desvio de recursos públicos destinados ao combate à covid-19.
O senador também observou que a CPI estadual foi instalada em maio do ano passado justamente para investigar supostos atos administrativos ilícitos durante a crise sanitária. Vale lembrar, porém, que o período analisado pela CPI amazonense vai de 2011 até 2020 — compreendendo, inclusive, a gestão de Omar Aziz, que foi governador do estado de 2011 a 2014.
Durante a sessão de hoje da CPI da Covid, Júnior e Aziz se desentenderam e trocaram acusações. Questionado pelo senador, o deputado estadual disse que, se tivesse indiciado Wilson Lima na CPI da Saúde, deveria ter indiciado todos os governadores do Amazonas desde 2011.
Todos os governadores investigados pela CPI mereciam ser indiciados. Eu propus isso na comissão e não foi aceito. O certo era para ser indiciado inclusive o ex-governador Omar Aziz, pela gestão dele na saúde, não somente o governador Wilson Lima, todos têm participação.
Fausto Júnior, à CPI da Covid
Aziz cobrou explicações sobre quais irregularidades foram encontradas pela CPI da Saúde durante sua gestão como governador. Júnior respondeu que Aziz gastou R$ 50 milhões em 2014 apenas com verbas indenizatórias. O senador, então, perguntou se isso seria um "gravíssimo crime", e o deputado estadual rebateu dizendo que, apesar de legal, considerava a atitude "condenável".
"Não há crime", insistiu Aziz. "Vossa Excelência teve a oportunidade de investigar esses pagamentos indenizatórios, mas não o fez. Você colocou em seu relatório apenas os números, sem concluir nada."
As acusações contra Aziz vieram depois da insistência do relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), para que Júnior explicasse por que não indiciou Wilson Lima em seu relatório da CPI da Saúde. Apesar de reconhecer a responsabilidade do governador na crise sanitária no Amazonas, Júnior argumentou que as informações estavam nas mãos da Polícia Federal, e não da CPI estadual.
Quebra de sigilo
Omar Aziz se defendeu de todas as acusações feitas por Fausto Júnior, dizendo que não foi e nem será denunciado porque não há provas contra ele ou qualquer outra pessoa que esteja ao seu lado. Ele também acusou o deputado de mentir e anunciou que vai pedir a quebra de sigilo "de várias pessoas", incluindo Júnior.
"Não tenho absolutamente nada com o que me preocupar", disse o senador. "Amanhã aprovaremos a quebra de sigilo de várias pessoas, inclusive a do deputado, da família, de pessoas ligadas a ele. Aí o Amazonas e aqueles que estão agora me detratando vão ver quem está falando a verdade. Vou mostrar o motivo pelo qual o deputado não indiciou o governador [Wilson Lima]. O motivo é muito, é muito grande."
O que nós vimos aqui hoje foi uma série de mentiras faladas -- e eu vou provar isso antes de a CPI terminar -- de uma pessoa que disse que não sabe quem é a mãe, que não sabe quem é a irmã, que não sabe onde o pai trabalha. Eu vou respeitar. Eu não perguntei, ainda não entrei nem nos detalhes.
Omar Aziz, à CPI da Covid
(Com Agência Brasil e Agência Senado)
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