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Hasselmann: Bolsonaro paga aluguel caríssimo para se manter dentro do poder

Do UOL, em São Paulo

01/07/2021 08h50Atualizada em 01/07/2021 11h43

A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou hoje, durante o UOL News, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) paga um "aluguel caríssimo" ao centrão para conseguir se manter dentro do poder. Para ela, a possibilidade de o impeachment ser colocado em pauta é apenas quando acabar todos os recursos que o mandatário pagaria para continuar no cargo.

Por que as coisas não explodem? Porque o Bolsonaro aparelhou tudo. Ele colocou um PGR que é um capacho dele. Ele está blindado. No Supremo [Tribunal Federal], ele deu uma ajeitada em parte. Na polícia federal ele interferiu, fez uma intervenção direta que gerou a saída do Moro. Então, ele pegou o estado brasileiro e criou instituições para chamar de suas. O que é algo absolutamente grave. Essa blindagem e dinheiro que ele jorra dentro do Congresso e jorra debaixo do nariz de todo mundo, para senador e para deputado é o que mantém o presidente hoje no poder. Ele paga aluguel e um aluguel caríssimo para se manter dentro do poder."
Joice Hasselmann em entrevista ao UOL News

Segundo a parlamentar, esse "aluguel" pago por Bolsonaro está sendo aproveitado, mas o impeachment poderá ser colocado em pauta assim quando esses recursos destinados ao centrão acabarem.

"Eu faço uma analogia para uma vaca bem gorda, suculenta. Aí o pessoal do centrão está lá, está mamando, tirando um pedaço suculento. Daqui a pouco a vaquinha vai secar, vai acabar esse dinheiro. Aí quando acabar e eles tirarem tudo que tem para tirar, aí sim, existe uma possibilidade grande do impeachment andar. Enquanto tiver mais emenda para tirar, ministério para sugar, portos públicos, tiver esse dinheiro público para fazer esse tipo de política suja, o impeachment vai ficar lá parado."

Joice declarou que o presidente é "o dono do esquema" irregular de desvio de recursos públicos, enquanto o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), um dos filhos do mandatário, é o sócio da maioria desses negócios ilegais.

"Eu percebi que figuras do autoexecutivo do meu partido fazem negócio com Flávio Bolsonaro. Ai o cabra [Flávio] compra uma casa de R$ 6 milhões em Brasília. E, veja, ele não compra uma casa de R$ 6 milhões usando o salário de senador. Eu sei quanto ganha um senador e um deputado. Agora você soma: duas filhas na escola, mulher, soma tudo que você tem de despesa e ele vive muito bem e você vai ver que não sobrou um centavo e está faltando dinheiro. Eles não escondem. É debaixo do nariz de todo mundo. Está na cara que é esquema e que é roubo", afirmou.

Segundo Joice, ela sempre soube que o presidente era um "tosco", mas acreditava que ele fosse honesto e por isso prestou apoio ao mandatário anteriormente como líder do governo na Câmara entre fevereiro e outubro de 2019. A parlamentar ainda disse que Bolsonaro é "ladrão", assim como o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT).

"Eu sempre soube que o Bolsonaro era tosco. Burrão mesmo. Eu dizia isso para ele. Eu acreditava que ele fosse honesto. Um burro honesto, um estúpido honesto você resolve com pessoas qualificadas em volta. Sempre foi um ogro, mas que se apresentava como um ogro honesto. Quando eu vi que ele era desonesto, ai acabou. Eu não tinha onde me agarrar mais. Como é que eu vou me agarrar? O 'cabra' é grosso, mal-educado, machista, cavalo mesmo, ele não respeita os outros, mas é desonesto, é ladrão. Mas ele não roubou como o Lula? Amigo, roubar é roubar."

Eleições de 2022

A parlamentar declarou que foi criada uma narrativa de que Bolsonaro representa a direita, o que, de acordo com ela, é mentira. Joice ainda aproveitou para explicar porque estava ontem ao lado de petistas e partidos de esquerda durante a entrega do "superpedido" de impeachment de Bolsonaro. Segundo ela, o encontro aconteceu única e exclusivamente porque concorda, assim como os outros partidos, com a saída do mandatário do poder.

"Eu sou contra o Lula, vou continuar sendo contra o Lula. Eu sou nem-nem. Nem lula, nem Bolsonaro."

Joice apontou a necessidade de a direita se organizar para poder concorrer nas eleições presidenciais de 2022.

"E a direita precisa se organizar e entender que existe uma direita estúpida, radical, burra, extrema. Tudo que é extremo é burro, do mesmo jeito que a extrema-esquerda é burra porque coloca ideologias acima de qualquer coisa. O que nós temos que fazer é organizar essa direita centrada, que consiga pegar pessoas que realmente queiram o combate à corrupção e pessoas da direita até o centro-esquerda [para concorrer nas eleições]."