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CPI: Aziz faz apelo a Bolsonaro para que esclareça denúncia sobre Covaxin

"[Bolsonaro] disse ou não disse que isso era coisa de Ricardo Barros?", questionou Renan Calheiros - Adriano Machado/Reuters
"[Bolsonaro] disse ou não disse que isso era coisa de Ricardo Barros?", questionou Renan Calheiros Imagem: Adriano Machado/Reuters

Anaís Motta

Do UOL, em São Paulo

06/07/2021 15h37Atualizada em 06/07/2021 17h36

Os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL), respectivamente presidente e relator da CPI da Covid, cobraram hoje respostas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o contrato da vacina Covaxin e o suposto envolvimento do líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), no caso.

"Que aquele pessoal que vai ali no cercadinho pergunte: presidente [Bolsonaro], o senhor recebeu ou não recebeu essa invoice [fatura da Covaxin]? Se ele não responder a eles, que ele possa nos responder na próxima live", disse Aziz, em um apelo ao presidente. "Senão vamos estar aqui ouvindo pessoas, e as pessoas vão dizer 'não era', 'era'... Só quem pode nos responder isso, de fato, que até hoje não nos respondeu... [É Bolsonaro]."

[O governo] Pode até não ter pago [pela Covaxin], mas, como dizem os peruanos, las intenciones son muy claras [as intenções são muito claras].
Omar Aziz, presidente da CPI da Covid

No mês passado, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) revelou ter se encontrado com Bolsonaro em 20 de março para alertá-lo sobre supostas irregularidades na negociação pela Covaxin. Depois, à CPI, Miranda disse que o presidente citou o nome de Ricardo Barros ao ouvir a denúncia sobre o caso.

Bolsonaro nega as suspeitas levantadas por Luis Miranda e tem reforçado que não houve pagamento pelas doses da Covaxin. O presidente, porém, ainda não se pronunciou publicamente sobre a suposta menção ao líder do governo na Câmara na reunião com o deputado — e foi cobrado por isso pelo senador Renan Calheiros.

"Ele [Bolsonaro] tem que responder também e definitivamente aclarar... Já são 13 dias hoje que ele não fala, fala de qualquer assunto para não falar desse assunto. Ele disse ou não disse aos irmãos Miranda que isso era coisa do líder do governo, do Ricardo Barros? Ele nunca falou desse assunto", questionou o relator da CPI.

Caso Covaxin

Um dos focos de atenção da CPI, o contrato para compra de 20 milhões de doses da Covaxin foi anunciado pelo Ministério da Saúde em 25 de fevereiro, no valor de pouco mais de R$ 1,6 bilhão — ou R$ 80 por dose. Na ocasião, a pasta informou que o primeiro lote com as doses chegaria ainda em março, o que nunca aconteceu.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) só aprovou a importação da vacina, com restrições, no início de junho.

No mês passado, Luis Miranda revelou ter se encontrado com Bolsonaro em 20 de março para denunciar supostas irregularidades na negociação, intermediada pela Precisa Medicamentos. O deputado também disse ter contado a Bolsonaro que seu irmão Luis Ricardo, do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, estaria sofrendo pressões para aprovar a importação da Covaxin.

O caso motivou os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) a apresentarem uma notícia-crime contra Bolsonaro por prevaricação, crime cometido por funcionário público ao retardar ou deixar de praticar um ato de ofício — neste caso, a compra de vacinas contra a covid-19 — para satisfazer um interesse pessoal.

A abertura do inquérito para investigar o presidente foi autorizada no último dia 2 pela ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal).

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.