"Genocida está ameaçando todo dia", diz Lula sobre Bolsonaro
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou as ameaças à democracia feita nos últimos dias pelo atual ocupante do cargo, Jair Bolsonaro (sem partido). Lula fez referência às acusações feitas por Bolsonaro sobre fraudes —nunca provadas— nas eleições brasileiras. O petista, que chamou Bolsonaro de nazista, ainda ironizou o presidente, dizendo que ele quer votar em pedra.
"A gente não vai enfrentar uma luta fácil. O genocida está ameaçando todo dia", disse Lula, sem utilizar máscara ao discursar, em um encontro hoje com representantes da área da cultura em São Paulo. Ele discursou por cerca de 50 minutos no começo da tarde.
Na sequência, o petista ironizou Bolsonaro, imitando o presidente, falando em tom como se fosse uma criança. "Ah, eu não aceito resultado, eu não aceito. Eu quero voto por expresso [por escrito], eu quero voltar ao tempo do dinossauro no país. Eu quero uma pedra para dar o meu voto. Me dê uma pedra que eu quero fazer o meu voto em uma pedra."
Como é que um país pode conviver com um cidadão desses? E não é só ele. Os espermatozoides dele também
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República
Lula questionou "onde que essa gente estava escondida que nós não vimos". "Nunca vi o despertar de tanto miliciano", diz. Na sequência, fez referência a militares: "A gente não sabia que tinha essa gente que fica falando merda todo dia. Eles nunca se comportaram assim conosco". Para o ex-presidente, "não é a farda que impõe respeito, é o seu caráter que impõe respeito".
Apesar de ser apontado como candidato na próxima eleição presidencial, Lula disse que ainda não decidiu se será candidato. Para ele, é preciso esperar até o final do ano para uma decisão.
Bolsonaro "próximo ao nazismo"
O petista ainda disse que não seria a polarização entre ele e Bolsonaro a "que está em jogo" para 2022. "É entre a democracia e o fascismo, representado pelo Bolsonaro. Não é entre a esquerda e a direita." Foi nesse momento que Lula ligou o presidente ao nazismo.
Para ele, dizer que Bolsonaro é de direita "é ofender a direita ideológica". "Ele é, na verdade, muito próximo mais ao nazismo —nem ao fascismo mais— do que qualquer outra coisa que eu já vi na face da terra." Lula justificou sua fala dizendo que Bolsonaro não teve sensibilidade com os mais de 530 mil mortos pela covid-19 no Brasil.
"Parte desses mortos é culpa dele. Porque ele não comprou vacina", disse o ex-presidente, que aproveitou para citar as suspeitas que envolvem a gestão de Bolsonaro em relação à compra da vacina Covaxin.
A reunião com integrantes da área cultural estava prevista para acontecer em março do ano passado. Ela era para agradecer o apoio dado a Lula durante sua prisão em razão de suas condenações na Operação Lava Jato.
Ao mencionar a operação, o ex-presidente voltou a atacar a imprensa, praticamente também comum de Bolsonaro. "Davam de barato que tinham conseguido terminar com a figura política do Lula", disse. Para ele, "Bolsonaro é resultado do comportamento dos meios de comunicação neste país nos últimos dez anos".
Apesar de não confirmar sua candidatura, no final do discurso, Lula disse achar que "vamos pegar o Brasil pior do que pegamos em 2003", em referência a seu primeiro ano de mandato, sucedendo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Então vamos precisar de mais força. Eu não vou mentir para a sociedade brasileira. Se eu tiver condições, pode ficar certo que eu me disponho a ser candidato. Mas eu tenho que estar bem porque eu não quero ficar falando bobagem se eu não puder ser candidato."
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