Vice da Câmara: discutir voto impresso é 'surreal' visto a situação do país
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL), disse hoje que é "surreal" que ocorra discussão sobre voto impresso em meio as mortes causadas pela covid-19 e outras situações difíceis no país. O tema é um dos discursos apresentados frequentemente pelo presidente (Jair Bolsonaro) e seus apoiadores.
"É surreal que um país de 15 milhões de desempregados, 19 milhões passando fome, 125 milhões em insegurança alimentar, 800 mil empresas fechadas pela pandemia, mais de 520 mil mortes e alguém ache que a prioridade é discutir voto impresso. Oferecendo uma solução para um problema que não existe", declarou ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan.
O parlamentar afirmou que as urnas eletrônicas são confiáveis e que atualmente não vê ambiente para aprovação da pauta do voto impresso na Câmara.
Segundo o vice-presidente da Câmara, Bolsonaro disputou diversas eleições em sua vida política e não tinha questionado o sistema eleitoral até começar a "aparecer mal" nas pesquisas de intenção de votos e aprovação do governo. A pesquisa do Datafolha, divulgada no sábado (10), apontou que 63% dos brasileiros acham o atual mandatário incapaz de liderar a nação.
"O mais engraçado é que o presidente já disputou oito eleições no voto eletrônico e nunca questionou o resultado. Agora que ele aparece mal nas pesquisas ele começa a duvidar da urna eletrônica. Acho que esse é um debate extremamente desnecessário nesse momento tão sensível do país. O país tem coisas muito mais importantes para discutir."
Para o parlamentar, este é o momento de tentar acelerar a vacinação para continuar a retomada da economia e gerar empregos aos brasileiros em vez de dar palanque aos discursos do presidente que estaria "acuado" em meio as denúncias de prevaricação. A Polícia Federal abriu hoje um inquérito para investigar se houve ou não prevaricação do mandatário nas negociações sobre a Covaxin, revelados na CPI da Covid, no Senado.
"O Brasil deveria concentrar energias do parlamento para tratar acelerar a vacinação, melhorar o ambiente de negócios, garantir a retomada do emprego e programa de transferência de renda. (...) O resto é mais retórica do presidente em um momento que está acuado por causa das suspeitas de compra de vacinas", finalizou.
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