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Representante da Davati muda versão e diz que pediu auxílio emergencial

Do UOL, em São Paulo

15/07/2021 14h37Atualizada em 15/07/2021 21h58

O representante no Brasil da empresa americana de produtos hospitalares Davati Medical Supply, Cristiano Carvalho, admitiu à CPI da Covid que fez o cadastro para receber o auxílio emergencial em seu nome no ano passado. Carvalho mudou versão dita anteriormente aos senadores de que uma amiga teria feito o pedido para ele.

Eu vou retificar a informação e dizer que fui eu mesmo que fiz [o cadastro para receber o auxílio emergencial]. Estou sendo colocado em uma situação constrangedora. No momento eu precisava, não me orgulho disso.
Cristiano Carvalho, representante no Brasil da Davati Medical Supply

De acordo com reportagem do jornal "O Globo", Carvalho recebeu R$ 4.200 do auxílio emergencial em 2020 —cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300.

À CPI, a testemunha afirmou ter entrado em contato com a Procuradoria da Fazenda, órgão vinculado ao Ministério da Economia, para solicitar a devolução do valor aos cofres públicos. O dinheiro, no entanto, ainda não foi devolvido.

Segundo Carvalho, ele passava por dificuldades financeiras no ano passado porque vários contratos que tinha de prestação de serviços se tornaram inadimplentes por causa da pandemia. Ele alega não ter salário fixo e receber pelos contratos firmados.

"Aí uma colega minha, que eu conheço, me cadastrou no site do auxílio, e eu passei a receber depois de alguns meses", disse o depoente antes de fazer a retificação.

Governista defende prisão

Após a retificação de Carvalho, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), que o questionou sobre o auxílio emergencial, disse que o depoente poderia ser preso em flagrante por admitir que mentiu à CPI.

"Senhor presidente, neste momento, o depoente acaba de narrar que mentiu conscientemente diante da CPI da Pandemia, sendo um caso para prisão em flagrante", afirmou.

Apesar disso, o senador disse que não pediria a prisão da testemunha por julgar ser um ato "extremo". "Eu não vou mudar minha posição neste momento, em respeito até ao patrono desse cidadão que está aqui hoje", completou.

O caso levou Marcos Rogério a enviar um ofício ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), para pedir que a Polícia Federal apure a suposta prática de estelionato por Cristiano Carvalho. No documento, ele lembra que o representante da Davati primeiro disse que o auxílio foi solicitado por uma "amiga" e, depois, mudou a versão, dizendo que ele mesmo foi responsável pelo cadastro.

"Portanto, tendo em vista a confissão do depoente, é importante que se encaminhe expediente, com as imagens referidas acima, para a Polícia Federal investigar a prática do crime de estelionato, conforme tipificado no art. 171, do Código Penal. Agradeço, de antemão, pela atenção à presente solicitação", escreveu o senador.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.