RJ: Deputado pede para tomar 3ª dose sem ser CoronaVac; juíza nega liminar
A Justiça do Rio de Janeiro negou a liminar feita pelo deputado estadual Átila Nunes (MDB), que se recusa a tomar a dose de reforço contra o coronavírus com o imunizante CoronaVac, produzido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. O pedido foi feito mesmo diante de evidências que comprovam a eficiência da vacina.
Para fazer valer a sua vontade — que diverge do indicado pelo PNI (Programa Nacional de Imunização) — o parlamentar entrou com um pedido em caráter de urgência na Justiça do Rio para que o reforço aplicado nele fosse de outra fabricante.
A negativa assinada pela juíza federal Marianna Bellotti firmou que não cabe à Justiça escolher qual medicamento ou tratamento médico deverá ser fornecido. O caso ainda tramita na primeira instância e pode ser recorrido.
Nunes argumentava em juízo que informações das "mídias em geral e vários estudos científicos" — que não foram detalhados —, bem como declarações do ministro da Saúde, que a CoronaVac possui baixa eficácia. O deputado citou relatos de pessoas que foram infectadas após tomar duas doses da vacina.
Diferente do que afirmou Átila Nunes, a vacinação tanto pela CoronaVac quanto por outros imunizantes autorizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) protege o vacinado de contrair a versão mais grave da doença. Assim, é diminuído o risco de intubação e morte em função do vírus.
A magistrada conclui que neste caso o parlamentar deverá seguir as "prescrições médicas dos fármacos ou do tratamento". Bellotti alegou que o Ministério da Saúde prevê que "indivíduos que iniciaram a vacinação contra a covid-19 devem completar o esquema com a mesma vacina" e que o parlamentar siga a recomendação.
Caso deseje recorrer da decisão, Atila Nunes tem prazo de 15 dias para apresentar um laudo médico capaz de especificar a indicação clínica que justifique a aplicação de uma dose que não seja da CoronaVac.
O que diz o deputado
O UOL entrou em contato com o deputado Átila Nunes para saber se ele pretende recorrer da decisão ou se pretende concluir o ciclo de imunizações com a CoronaVac.
Em nota enviada por e-mail, o parlamentar justificou que a recusa ao imunizante não foi movida sob "qualquer interesse pessoal" e que ele não "deu uma de sommelier de vacinas" ao recorrer à Justiça pedindo autorização para ser revacinado com outro imunizante que não seja a CoronaVac.
Átila Nunes disse ainda que despreza "achismos ou fake news" e que sua recusa de baseia em "fatos". "A vacina CoronaVac nem sempre permanece no organismo, sabe-se lá por quê", afirmou em nota.
"Essa preocupação não me torna um "sommelier de vacina", mas apenas mais uma testemunha de que a CoronaVac perde seus efeitos - em alguns casos - em poucos meses", complementou.
E o que fiz, como cidadão, numa democracia? Fui à Justiça, só isso. Isso não me torna um "sommelier" de vacina. É apenas o desejo (humano) de ser vacinado com uma das vacinas que sejam reconhecidas pelas agências de saúde internacionais
Átila Nunes (MDB), deputado estadual do Rio de Janeiro
Eficácia das vacinas
A CoronaVac é a vacina que mais previne mortes no Brasil, de acordo com um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde. Segundo os dados da pasta, a vacina tem 97% de eficácia para casos graves da doença. O imunizante também conta com o reconhecimento da OMS (Organização Mundial da Saúde) como eficaz contra o coronavírus.
O presidente do Instituto Butantan Dimas Covas afirmou à imprensa que a vacina tem alta eficiência e que é capaz de proteger contra os sintomas, contra internações e contra óbitos em todas as faixas etárias acima dos 18 anos, inclusive em idosos.
Agora, o estado de São Paulo também vacinará adolescentes com comorbidades para acelerar o combate à pandemia.
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