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Otto Alencar: Convocar Braga Netto criaria confronto desejado por Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

04/08/2021 09h42

O senador Otto Alencar (PSD-BA) explicou, em entrevista ao UOL News na manhã de hoje, que se manifestou de forma contrária ao pedido de convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, à CPI da Covid por avaliar a possibilidade de ocorrer um confronto com as Forças Armadas.

De acordo com o senador, a situação poderia favorecer o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que em sua opinião deseja um fato novo para tirar o foco de sua gestão durante a pandemia do novo coronavírus.

Como exemplo, ele citou a polêmica criada por uma declaração do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), sobre integrantes das Forças Armadas envolvidos em suspeitas de corrupção. Na ocasião, os chefes militares emitiram uma nota elevando a tensão.

"Tivemos um caso do Omar Aziz que foi muito mal interpretado pelas forças militares e houve aquele confronto. Esse confronto com as Forças Armadas nesse momento não é interessante que se estimule essa posição, porque é uma posição que o Bolsonaro deseja muito, que o foco saia da gestão dele do Ministério da Saúde para um um confronto com as Força Armadas", disse.

Ontem, Otto Alencar e o senador Eduardo Braga (MDB-AM), considerados membros do chamado G-7 da CPI, manifestaram-se de forma contrária ao requerimento de convocação de Braga Netto apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Assim, o pedido não foi votado.

Para o senador baiano, os argumentos que basearam o requerimento também podem ser contestados, principalmente o da presença de Braga Netto, então ministro da Casa Civil, em uma reunião que discutiu a possibilidade de incluir na bula da cloroquina a indicação para combate da covid-19.

"A nossa posição na análise do requerimento é que essa questão da bula da cloroquina e outros elementos que justificavam já tinham sido analisados pela CPI."

Otto Alencar acredita que a CPI precisa concentrar seus trabalhos em questões que, segundo ele, ainda precisam ser esclarecidas.

"Tudo que o Bolsonaro deseja é que esse foco seja retirado do caminho dele para que vire a outras pessoas para absorver e levar a um debate que talvez não seja o debate da investigação para se comprovar esses fatos todos."

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.