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'Não precisamos demonizar o Centrão', diz líder do governo no Senado

Colaboração para UOL

05/08/2021 13h58Atualizada em 05/08/2021 14h19

O líder no governo no senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), disse hoje em entrevista ao UOL News que não é preciso "demonizar" o Centrão, nome dado a um conjunto de partidos políticos que não tem orientação ideológica específica. Bolsonaro se aproximou do grupo ao nomear Ciro Nogueira (PP-PI) como ministro-chefe da Casa Civil.

Para o senador, a aproximação do governo com o centrão é uma atitude de valorização da democracia. Ele elogiou a postura do governo e disse que isso vai favorecer o crescimento econômico no ano eleitoral.

"Não precisamos demonizar o centrão", declarou hoje . "Na hora que o governo faz essa relação mais próxima com o chamado centro político do Congresso Nacional, o Centrão, significa que o governo está apostando na democracia, na política, que está querendo base parlamentar para fazer avançar a agenda econômica, que é importante, tem muita coisa ainda para ser votada daqui para dezembro no Congresso Nacional, que vai dar as bases da consolidação do crescimento econômico, sobretudo no ano da eleição em 2022".

O parlamentar também criticou a categorização do Centrão como sendo uma coisa ruim e errada. Ao ser questionado se o governo Bolsonaro teria "entregado a alma ao centrão", Bezera afirmou que esses questionamentos desmerecem a democracia brasileira.

"Prefiro acreditar que, quando se faz a opção pela política, estamos melhor servidos, estamos apostando na política, nas instituições, fortalecendo o nosso sistema representativo".

Fernando Bezerra disse que concorda com a decisão do governo. "Acho que foi uma opção correta do presidente e acho que o ministro Ciro Nogueira vai dar uma contribuição na estabilidade, na interlocução do governo com o Congresso Nacional e também o judiciário pelo trânsito que ele, parlamentar que já tem muitos anos e que circula em todos os ambientes de Brasília".

Bolsonaro e o Centrão

Ontem, o líder do Centrão e senador Ciro Nogueira (PP) tomou posse como ministro-chefe da Casa Civil. Em seu discurso, ele afirmou que "mudar de opinião não é contradição, desde que seja para melhor".

A frase se refere a questionamentos levantados quando foi anunciado para o cargo. Nogueira já criticou Bolsonaro, chamando-o de "fascista" e "preconceituoso". Em 2018, apoiou a candidatura de Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições presidenciais.

Em julho, em entrevista à Rádio Banda B de Curitiba, Bolsonaro disse que nasceu do centrão e argumentou que, para ter governabilidade, é preciso negociar com os partidos eleitos para o Congresso Nacional.

"Quando eu coloco um militar dentro do governo, há críticas também. Se você tem crítica a deputado do centro, não vote mais nesses candidatos por ocasião das próximas eleições. É simples a coisa. Se vocês votam, eu converso com eles. Eu converso com todos parlamentares, é meu papel", disse.

A denominação "centrão" surgiu na política brasileira em referência a partidos que, segundo críticos, não têm um interesse programático, mas são conhecidos para negociar cargos e favores. No geral, as siglas do centrão são ideologicamente conservadoras, com histórico de associação a diferentes governos.