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Josias: Fux parece ter aprendido que caso do Bolsonaro é de camisa de força

Do UOL, em São Paulo

06/08/2021 08h31Atualizada em 06/08/2021 10h35

O colunista do UOL Josias de Souza afirmou hoje, durante o UOL News, que o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Luiz Fux, deve ter aprendido que o caso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é de "camisa de força" e não de "tranquilizante" como ele acredita ao propor uma reunião "pacificadora" entre poderes há alguns dias.

Após mais ataques de Bolsonaro, que subiu o tom contra membros da Corte, principalmente aos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, Fux anunciou ontem o cancelamento de uma reunião entre os chefes dos três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário —, combinada em meados de julho.

Com atraso, o judiciário passou a tratar o Bolsonaro como uma ameaça à democracia, passível de punição. E os dois lados continuam esticando a corda. O Luiz Fux, o presidente do Supremo, parece ter aprendido que o caso do Bolsonaro é de camisa de força e não de tranquilizante como ele supunha ao propor a realização pacificadora entre os presidentes dos três poderes. Ele fez essa proposta há 25 dias."
Josias de Souza no UOL News

Para o colunista, está claro que a reunião marcada para hoje, às 12h, entre Fux e o procurador-geral da República, Augusto Aras, será para o ministro ver até onde o procurador — que pode converter as denúncias colhidas contra Bolsonaro por inquéritos dentro da Suprema Corte — pode ir para defender o atual mandatário.

"Reunião fechada, longe dos refletores, mas não é difícil de supor que o desejo do presidente do Supremo é de conferir até onde o Augusto Aras planeja deixar que o melado escorra, oferecendo blindagem a um presidente de que merece processo", afirmou.

Josias disse que se o comportamento de Bolsonaro continuar — com críticas a ministros do Supremo e questionar, sem provas, o sistema de votação eletrônico para levantar a sua bandeira do voto impresso — é possível que o presidente ajude um candidato da "terceira via" a chegar ao segundo turno contra Luís Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.

O colunista ainda apontou como extremamente importante que o judiciário não deixe de dar andamento aos processos que envolvem Bolsonaro pois isso pode desmoralizar o poder e, o pior de tudo, pôr em risco da democracia brasileira.

"Se o Supremo relaxar na sua disposição de levar a diante os processo que correm lá contra o Bolsonaro; se o Judiciário recua, desmoraliza-se o Judiciário. Se o presidente mantiver essa sua pregação a favor do golpe, desmoraliza-se o presidente. E se isso tudo acabar em nada, aí vem a pior das alternativas que é a desmoralização do sistema político brasileiro e da própria democracia do país", finalizou.