Bolsonaro critica STF: 'De onde a gente espera exemplo, vem truculência'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou hoje a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de investigar o ministro da Justiça, Anderson Torres, por sua participação na live de 29 de julho, em que Bolsonaro questionou a lisura do sistema eleitoral — sem, no entanto, apresentar provas de supostas fraudes.
"Também o TSE [sic — ele quis dizer STF] decidiu que o ministro da Justiça tem que ser ouvido, porque ele esteve presente aqui na primeira live e falou alguns trechos de dois inquéritos [sigilosos] da PF [Polícia Federal]", disse o presidente durante sua live semanal. "E quem está atentando contra a democracia sou eu?"
Agora vem um delegado da PF ouvir o ministro da Justiça. O que está acontecendo? Cadê a democracia do Brasil? Onde a gente espera que tenha que vir exemplo, não vem, vem truculência, vem ameaças. Outro inquérito do fim do mundo, como o primeiro [das fake news], que mantém jornalista e deputado federal presos.
Jair Bolsonaro, em live de 12/08
A determinação de Moraes foi encaminhada na última terça-feira (10) ao gabinete ministro Luís Felipe Salomão, corregedor do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a quem caberá a investigação. O objetivo é apurar se o ministro da Justiça fez propaganda eleitoral antecipada, uma vez que Anderson Torres é cotado para disputar o governo do Distrito Federal nas eleições de 2022.
Participação na live
Anderson Torres participou dos minutos finais da live de 29 de julho, em que Bolsonaro voltou a falar de fraude na eleição de 2018. Na ocasião, o ministro leu trechos de um relatório da PF sobre os testes públicos nas urnas eletrônicas feitos pelo TSE.
"Exatamente tudo o que foi falado, tudo o que foi questionado, todas as dúvidas levantadas pelos eleitores. A Polícia Federal também analisou, da mesma forma, encaminhou e o Tribunal Superior Eleitoral, tem isso lá como sugestão da Polícia Federal para o aprimoramento do sistema eleitoral brasileiro", disse Torres sobre o documento.
Antes disso, Bolsonaro usou a live para levantar suspeitas sobre o sistema eletrônico de votação. Sem provas, misturou notícias falsas, vídeos descontextualizados que circulam há anos na internet e análises enviesadas sobre números oficiais da apuração dos votos para defender a proposta do comprovante impresso de voto — já derrotada no plenário da Câmara dos Deputados.
A transmissão fez com que o TSE e o STF abrissem investigações para apurar as declarações do presidente. No Supremo, Bolsonaro está sendo investigado em um inquérito vinculado ao das fake news. Nesta frente, o ministro da Justiça já foi chamado a prestar depoimento à PF sobre a participação na gravação.
A saga do presidente contra as urnas eletrônicas também levou o TSE a formalizar uma notícia-crime junto ao STF pedindo a investigação de Bolsonaro pela divulgação de um inquérito sigiloso da PF, de 2018. Hoje, o ministro Alexandre de Moraes atendeu à Corte eleitoral, determinando a investigação do presidente por esse compartilhamento.
(Com Estadão Conteúdo)
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