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Doria reage a Bolsonaro: 'Vacina que salvou a mãe dele é a CoronaVac'

Governador João Doria (PSDB-SP)  - Reprodução
Governador João Doria (PSDB-SP) Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

17/08/2021 17h48

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), rebateu críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e disse que foi esse imunizante que salvou a vida da mãe dele.

"Acho que ele esqueceu que a mãe dele tomou a CoronaVac. A vacina que salvou a mãe dele é a CoronaVac. Ele despreza os brasileiros. É lamentavelmente um presidente desqualificado", afirmou Doria, em entrevista à CNN Brasil. "É lamentável, bizarro e triste se não fosse essa a realidade a qual se expõe o presidente, objeto inclusive de memes pela postura. O presidente nem sequer reconhece que a mãe tomou duas doses da vacina que ele tanto implica, acusa e desqualifica. É inacreditável", acrescentou, em seguida.

Doria referia-se à declaração feita por Bolsonaro mais cedo, quando o presidente afirmou, de forma equivocada, que quem tomou o imunizante estava morrendo.

"Olha o que está acontecendo com a Coronavac, ninguém tem coragem de falar. Gente que tomou as duas doses, foi infectada e está morrendo. Por que ela está morrendo? Porque acreditou nas palavras do governador de São Paulo que disse que quem tomasse as duas doses da CoronaVac e for infectado jamais morrerá. E a pessoa fica em casa, achando que quem tomou as duas doses não vai morrer. E acaba morrendo", disse o presidente, em entrevista à Rádio Capital Notícia Cuiabá.

A mãe do presidente Bolsonaro, Olinda Bunturi Bolsonaro, foi vacinada com a segunda dose da CoronaVac ainda em março. Aos 93 anos, ela recebeu um profissional da saúde em casa na cidade de Eldorado, no interior de São Paulo.

Segundo o cartão de vacinação fornecido pela prefeitura, Olinda havia recebido a primeira dose da CoronaVac em 12 de fevereiro e esperou 24 dias para receber a segunda.

Ainda durante a entrevista, Doria também enumerou falas feitas pelo presidente ao longo da pandemia do coronavírus e pediu exame psiquiátrico a Bolsonaro.

"O vírus que ele disse ser uma gripezinha, que chamou de 'maricas' aqueles que usam máscaras. Chamou de covardes aqueles que se cuidam. Aliás, cabe até um exame psiquiátrico tamanha a quantidade de bobagens. É um atentado à democracia. Cada vez que vem a público fala bobagens. Distancia o país, coloca em ameaça a Ciência e aumenta o desemprego, porque reflete na economia. Infelizmente vamos ter que suportar até que ele tenha impeachment ou enfrenta as urnas, onde perderá", disse Doria.

CoronaVac foi aprovada por Anvisa

A Coronavac teve o uso emergencial aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) após testes que demonstraram a eficácia global de 50,38% — isso representa a proporção de pessoas que não foram infectadas após tomarem a vacina.

Desde então, outras pesquisas científicas foram realizadas para avaliar a vacina. Um estudo de efetividade conduzido pelo Instituto Butantan na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, vacinou cerca de 75% da população adulta e observou quedas de 80% nos casos sintomáticos de covid e de 86% nas internações, além de reduzir as mortes em 95%.

Importante ressaltar que nenhuma vacina garante 100% de imunidade contra uma doença. O propósito delas é tornar o contato do sistema imunológico com o vírus mais seguro e reduzir internações e mortes. Quanto maior a quantidade de pessoas vacinadas, menores as chances de o vírus continuar circulando. O que permite a erradicação de uma doença — ou redução dos casos — é a ampla cobertura vacinal. Ou seja: quanto mais pessoas protegidas, menor a circulação do vírus.