Lira corta repórter em pergunta sobre voto impresso: 'Assunto encerrado'
Presidente da Câmara, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) interrompeu um repórter ao ser questionado sobre o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do "voto impresso", já rejeitada pelo plenário da Casa. Segundo Lira, o assunto está "encerrado" no Congresso Nacional.
"[Inaudível] Não vai tratar desse assunto porque esse assunto está encerrado no Congresso. Esse assunto está encerrado no Congresso Nacional", repetiu Lira, ao deixar o Congresso. Nas imagens reproduzidas pela CNN Brasil, não é possível identificar o jornalista que fez a pergunta.
No último dia 10, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou a proposta que pretendia incluir uma espécie de comprovante impresso após votação em urna eletrônica a partir das eleições de 2022. A PEC recebeu 218 votos contrários e 229 favoráveis — bem abaixo dos 308 necessários para que avançasse no Congresso. (Veja como cada deputado votou).
De autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), a PEC era de interesse e Bolsonaro e foi rejeitada no dia em que o Ministério da Defesa realizou um desfile militar no Planalto. O evento foi criticado por políticos, que viram o ato como uma tentativa do presidente de intimidação.
A inclusão do assunto na sessão só aconteceu por vontade de Arthur Lira, aliado do governo.
Braga Netto se explica
Mais cedo, o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, prestou esclarecimentos à Câmara sobre supostas afirmações feitas a interlocutores condicionando a realização das eleições à adoção do voto impresso. A declaração, segundo o jornal Estado de S.Paulo, foi feita em 8 de julho.
Braga Netto negou ter feito chegar a Lira que poderia não haver eleição caso o voto impresso não fosse aprovado, lembrando ainda que o presidente da Câmara desmentiu publicamente ter recebido a suposta ameaça. Para o ministro, o episódio está esclarecido e superado.
Em resposta, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) disse a Braga Netto que ele poderá ser preso se não obedecer a decisão da Câmara. O deputado é autor de uma notícia-crime contra o ministro para investigar se ele realmente ameaçou o Parlamento brasileiro e se condicionou as eleições de 2022 ao voto impresso.
Queria dizer que quem decide sobre o voto impresso não é Vossa Excelência. É o Congresso Nacional. A Vossa Excelência, caberá obedecer. Caso não obedeça, será preso.
Paulo Teixeira (PT-SP), deputado federal
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