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Em evento pró-Jefferson, Eduardo Bolsonaro diz que Brasil vive uma ditadura

13.abr.2021 - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), durante sessão da CCJ da Câmara - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
13.abr.2021 - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), durante sessão da CCJ da Câmara Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

18/08/2021 17h07

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse hoje que o Brasil vive uma "ditadura" e que a tendência é "piorar". A declaração ocorreu durante evento promovido por lideranças de direita e os presidentes estaduais do PTB em defesa do ex-deputado bolsonarista Roberto Jefferson, preso na semana passada por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

As críticas de Eduardo foram direcionadas à Corte, repetindo assim o discurso do pai. (Assista ao vídeo abaixo)

"Eu não quero chegar daqui a um tempo e falar para a minha filha que eu não fiz tudo o que eu podia para não chegar a uma ditadura. Eu já acredito que estamos em uma ditadura, mas a tendência dela é piorar. Não quero falar para a minha filha: 'Olha, eu tentei conversar, eu tentei contemporizar com pessoas que faziam atrocidades", disse ele, no evento.

"Tem uma frase do Churchill que é bem aplicada no momento atual. Ele fala o seguinte: 'O apaziguador é aquele que alimenta o jacaré esperando para ser o último a ser devorado'. Esse é o apaziguador, é o cara moderno. Já faz um tempo já que esse cara está jogando fora das quatro linhas", completou em seguida, sugerindo que Alexandre de Moraes "joga fora das quatro linhas".

Jefferson foi preso por suspeita de envolvimento com uma milícia digital contra a democracia. Durante sua audiência de custódia, no último sábado, ele pediu que sua prisão fosse convertida em domiciliar por causa de problemas de saúde. Na audiência, também alegou ter cerca de R$ 6 mil em conta corrente, não possuir aplicações e nem poupança. No entanto, ele recebe R$ 46 mil por mês de duas fontes: a aposentadoria da Câmara dos Deputados e uma espécie de salário do PTB.

Nas redes sociais, a ex-deputada federal Cristhiane Brasil, filha de Jefferson, pressionou Bolsonaro para fazer alguma coisa depois da prisão do pai, aliado político do presidente.

"Cadê o 'acabou p****'? Estão prendendo os conservadores e o bonito não faz nada? O próximo será ele! E se não for preso, não vai poder sair nas ruas já já! Acorda!", escreveu ela.

Após a cobrança, Bolsonaro reagiu, mas sem citar o nome de Jefferson, e disse que levaria ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), um pedido para que instaure um processo contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Para o chefe do Executivo, ambos "extrapolam com atos os limites constitucionais".

"De há muito, os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, extrapolam com atos os limites constitucionais. Na próxima semana, levarei ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um pedido para que instaure um processo sobre ambos, de acordo com o art. 52 da Constituição Federal", escreveu Bolsonaro.

Juristas defendem decisão de Moraes

Diferentemente de Eduardo Bolsonaro, especialistas ouvidos pelo UOL defenderam a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Para o advogado e professor do Ibmec, João Paulo Martinelli, a prisão preventiva de Roberto Jefferson foi legal e necessária para impedir que o investigado continue a prática de supostos crimes pelos quais está sendo alvo de investigação.

"Quando um crime é objeto de investigação e o agente continua a praticar, a prisão preventiva vem para cessar a prática, tanto que ele não tem mais acesso às redes sociais, para cessar essa prática reiterada dos crimes", disse Martinelli.

Já Davi Tangerino, professor de Direito da FGV (Fundação Getulio Vargas) São Paulo, afirmou que a decisão contra o ex-deputado bolsonarista "tem fundamento jurídico" e não é abuso de autoridade.

"Na sua substância, ela [a decisão de Moraes] tem fundamento jurídico adequado (...) Abuso de autoridade não é. É uma decisão razoável, isso não quer dizer que todo mundo tenha que concordar com ela. Mas existem as decisões das quais nós discordamos e as decisões que são absurdas. Essa não é uma decisão absurda, portanto, não é abuso de autoridade.", afirmou o docente, em entrevista ao UOL News.

Jefferson ataca STF e Moraes

Após saber que seria preso pela PF (Polícia Federal), o presidente do PTB enviou a aliados um áudio com ataques ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes.

Na gravação, que dura pouco menos de quatro minutos, ele afirma que o Supremo é "uma organização criminosa para servir aos interesses dos comunistas", diz que seu problema com Moraes "é pessoal" e insinua a existência de um "mensalão chinês" na Corte.

"Os conservadores sendo presos por um tribunal corrupto, que é o Supremo. É uma orcrim [organização criminosa]. Hoje o Supremo é uma orcrim. Uma organização criminosa para servir aos interesses dos comunistas e para praticar abuso de autoridade e constrangimento ilegal às pessoas que militam democraticamente em favor da liberdade, da vida. Deus, pátria, família", diz Jefferson em um trecho do áudio.