PSDB de SP fecha com Doria, filia filho de Covas e termina noite em samba
Gritos, luz baixa, pessoas uniformizadas e bateria de samba. Festa de faculdade? Início de Carnaval? Comício político? Não era isso. Um dia após a liberação de eventos em São Paulo pelo governador tucano João Doria, o PSDB realizou hoje seu primeiro encontro com a militância, em uma casa noturna na zona oeste, com centenas de pessoas, para filiar Tomás Covas, 16, filho do prefeito Bruno Covas, morto em maio.
O objetivo do encontro do diretório era claro: alçar Doria como candidato a presidente e manifestar apoio ao vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) ao governo estadual. Com a presença de autoridades tucanas, como o presidente nacional do partido, o pernambucano Bruno Araújo, Doria mostrou força e deixou claro que já está em clima de campanha.
Na manhã de hoje, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou oficialmente seu apoio ao atual governador. No evento, seu nome foi frequentemente citado como "pai da vacina" e "único candidato viável para despolarizar 2022".
Eventos em ambientes fechado, como este, passaram a ser liberados sem restrições desde ontem. Até então, Doria contraindicava este tipo de reunião, mas, entre lideranças tucanas e centenas pessoas gritando seu nome —todas de máscara—, ele estava à vontade. Com a filiação-espetáculo de Tomás, o sobrenome de Covas foi o mais citado da noite.
Slogan e vacina
Em cada uma das mais de 200 cadeiras espalhadas pelo salão principal, um panfleto com o rosto de Doria já expunha o slogan que o governador paulista adotará nas prévias nacionais do partido: "Para voltar a vencer". Em novembro, ele disputará a vaga do PSDB em 2022 com outras lideranças, como o senador Tasso Jereissati e Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.
Doria subiu ao palco acompanhado de Tomás e Araújo por volta das 20h30. No camarote, a bateria batucava enquanto centenas de militantes gritavam, amontoados ao redor das cadeiras, com empolgação caracteristicamente tucana.
Seu nome foi associado à CoronaVac durante todo o evento. Doria já tem adotado tom de campanha em eventos como governador e, aos fins de semana, tem iniciado algumas agendas nacionais. Sua vitória nas prévias parece certa entre os tucanos paulistas, mas o embate nacional, em especial com Leite, ainda está em aberto.
"Nós vamos fazer uma campanha propositiva para as prévias do PSDB. Eu sou filho das prévias", declarou Doria, entusiasmado, em referências às últimas vitórias.
Para marcar o pontapé da pré-campanha, ele pulou no meio dos militantes e ressaltou os feitos do seu governo, com recados sutis a Bolsonaro, como faz com frequência.
"Aqui é a terra da vacina, não é a terra da cloroquina! Viva São Paulo, viva o Brasil", gritou Doria, agarrado por apoiadores tentando tirar selfies, sem os protocolos que os organizadores disseram tanto seguir.
Sem apoio explícito a Doria, a presença de Araújo pode ser vista como um aceno. Em seu discurso, ele falou do "momento de miséria e inflação" que o país passa, em referência aos governos do próprio partido.
O tom de saudosismo e "esperança" ganhou a noite. Foram diversas citações diretas a FHC e aos ex-governadores Franco Montoro, Mario Covas e José Serra. Curiosamente, Geraldo Alckmin, último ocupar o Palácio dos Bandeirantes antes de Doria, não foi citado.
"Se alguém quiser sair do partido, sai quem quer. Mas precisa aprender a passar bastão", disse Fernando Alfredo, presidente municipal do partido, em referência expressa a Alckmin, mas sem citá-lo. Nesta noite, Alfredo foi alçado para uma possível disputa ao Senado.
Por meio de manobra de Doria, Garcia, nome histórico do DEM, filiou-se ao PSDB em maio e se tornou o pré-candidato da situação ao governo do estado, que o partido ocupa desde 1995.
"Estamos juntos pelo passado, pelo presente e principalmente pelo futuro", declarou Garcia, sem entrar na polêmica, em um discurso basicamente voltado ao filho de Covas.
Tal bisavô, tal pai, tal filho
Se a pauta política era a campanha de Doria, o objetivo mais celebrado do encontro foi a filiação de Tomás Covas. O ex-prefeito foi lembrado em todos os momentos e citado praticamente por todas as pessoas —autoridades ou não— que pegaram o microfone.
Na entrada, os militantes paravam para tirar foto com um painel enorme com uma foto de Covas e Tomás abraçados. "O PSDB é uma família e nossa família é o PSDB", dizia a legenda.
Tomás estava com a camisa do "Tucanáticos", uma espécie de torcida organizada tucana, num modelo similar ao time argentino Boca Juniors, e falou muito sobre o pai.
"Acompanhei a trajetória do meu pai desse muito pequeno. A gente sabe que ele ia muito mais longe", disse Tomás, emocionado. "Ele era tudo para mim, meu melhor amigo."
Ao final, ao som da bateria, assinou sua filiação.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.