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Bolsonaro critica CPI da Covid por quebra de sigilos: 'Pessoa fica marcada'

Do UOL, em São Paulo

19/08/2021 20h19Atualizada em 19/08/2021 20h47

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar hoje a CPI da Covid — em especial, as quebras de sigilos aprovadas pelos senadores que integram a comissão. Para Bolsonaro, a decisão pode gerar "constrangimento" a inocentes, o que acaba "marcando" aqueles que são alvos das quebras.

Ele não citou nomes, mas, pela manhã, a CPI determinou a quebra de sigilo de influenciadores e blogueiros bolsonaristas, entre os quais Allan dos Santos, Oswaldo Eustáquio e Bernardo Küster.

"Quebra de sigilo é coisa séria, meu Deus do céu. Vai gerar constrangimento para inocentes, igual uma busca e apreensão. A pessoa fica marada. Essas pessoas, se [o sigilo] for quebrado de forma aleatória, parece que foi, tem que entrar na Justiça para ir para cima da CPI", defendeu o presidente durante sua live semanal.

[Tem que] Começar a mostrar para aqueles três ou quatro [senadores] da CPI que não são donos do mundo, não. Tentaram de toda maneira achar corrupção do meu governo. Se achassem, eu ia agradecer a vocês, ia ajudar a investigar.
Jair Bolsonaro, em novo ataque à CPI

CPI atinge bolsonaristas

Na sessão de hoje da CPI da Covid, senadores aliados a Bolsonaro tentaram impedir as quebras de sigilos de produtores de conteúdo e de sites conhecidos por disseminar fake news, alegando haver uma "caça" à liberdade de expressão. Após um pedido de Eduardo Girão (Podemos-CE), os requerimentos foram apreciados em separado, mas os governistas foram derrotados.

Além de blogueiros e influenciadores de extrema-direita, a CPI também aprovou a quebra de sigilo fiscal do líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), e do advogado Frederick Wassef, que atua em casos envolvendo a família Bolsonaro.

Barros já recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar suspendes as quebras de seus sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático. A ministra Cármen Lúcia, então, deu um prazo de 24 horas para que a CPI esclareça a determinação.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.