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Moraes autoriza depoimentos sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF

O ministro do Supremo Tribunal   Federal (STF), Alexandre de Moraes, em sessão no plenário da Corte, em   Brasília - Gabriela Biló/Estadão Conteúdo
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em sessão no plenário da Corte, em Brasília Imagem: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

23/08/2021 17h49

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, autorizou hoje a Polícia Federal a tomar novos depoimentos de testemunhas no inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentou interferir na autonomia da instituição com objetivo de blindar familiares e aliados em investigações.

Diante do exposto, autorizo o delegado de Polícia Federal a proceder às oitivas de eventuais testemunhas sem a necessidade de intimação nos termos antes determinados, inclusive dos advogados dos investigados. Ciência à Advocacia-Geral da União e à Procuradoria-Geral da República. Trecho da decisão do ministro Alexandre de Moraes

O inquérito foi aberto em abril de 2020 a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) após declarações feitas por Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, quando deixou o governo. À época, Moro afirmou que Bolsonaro agiu para interferir politicamente no comando da PF e disse que esse foi um dos principais motivos para o seu pedido de demissão.

O ex-juiz da operação Lava Jato também acusou Bolsonaro de tentar ter acesso a investigações sigilosas do órgão. Ele disse, ainda, que não autorizou o uso de sua assinatura eletrônica que apareceu no decreto de exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. O presidente negou as acusações.

Em julho, Moraes já havia determinado que a Polícia Federal retomasse as investigações sobre a suposta interferência na instituição. Na decisão, o ministro determinou a prorrogação do inquérito por 90 dias, contando a partir de 27 de julho.

Moraes argumentou que não há motivo para suspensão da tramitação, anteriormente definida pelo então ministro Marco Aurélio Mello, aposentado no início do mês. As investigações foram interrompidas enquanto o Supremo decidia sobre a obrigatoriedade e formato do depoimento de Bolsonaro, por escrito ou presencial.

O inquérito busca apurar se Bolsonaro cometeu os crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.