Bolsonaristas e PMs viram celebridades em ato pró-governo e contra STF
Figuras próximas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e alguns policiais militares receberam tratamento célebre hoje na avenida Paulista, onde cerca de 125 mil pessoas, segundo a PM, se reuniram em ato de apoio ao governo federal e pautas golpistas como destituição do STF (Supremo Tribunal Federal), o voto impresso — chamado de voto auditável — e a intervenção militar.
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, e a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), foram alguns dos apoiadores do presidente que receberam palmas e gritos dos manifestantes. O filho do presidente recebeu muitos gritos de apoio quando questionou: "que p***a de democracia é essa em que estamos vivendo?".
Durante a dispersão quem também foi recebido como uma celebridade foi o empresário e bolsonarista, Luciano Hang. Ele chegou a colocar uma máscara com a bandeira do Brasil para tirar foto e jogou camisetas a apoiadores do presidente. Alguns chegaram a gritar: "O senador chegou!"
Zambelli saiu do ato escoltada por seguranças e foi muito aplaudida pelo apoiadores do governo federal. Antes, declarou: "Senhor Alexandre de Moraes, eu não tenho medo de você".
Responsável por inquéritos que apuram o financiamento e a organização dos atos antidemocráticos realizados por aliados do presidente, o ministro do STF foi o principal alvo do discurso do presidente na Paulista. "Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá", afirmou, incitando seus aliados contra a Corte.
Em São Paulo, o presidente repetiu o discurso golpista que já adotara pela manhã em Brasília. Suas falas foram recebidas como ameaça por ministros do Supremo: o presidente do STF, Luiz Fux, aguardava o fim do discurso em São Paulo para se reunir com colegas e avaliar o cenário.
Já Ribeiro usou o momento de seu discurso para defender a abertura das escolas, mas "sem nenhuma discussão de gênero para crianças de 6 anos". O ministro se referiu à chamada "ideologia de gênero", conceito pejorativo usado pelo campo ultraconservador, muitas vezes ligado ao fundamentalismo religioso, contra os avanços nos direitos sexuais e reprodutivos e na igualdade de gênero, em especial a população LGBTQIA+.
Policiais famosos
Os PMs também foram alvo de assédio dos manifestantes, que pediam fotos e selfies com agentes da segurança ao longo de toda avenida. A reportagem não presenciou nenhum PM negando uma foto.
Na rua Pamplona, manifestantes chegaram a comprar refrigerantes para cinco PMs que faziam a segurança do local.
Quem chegava ao final do ato na praça do ciclista, próximo a rua da Consolação, pensava estar diante de algum famoso tamanha era a fila para fazer um registro ao lado de agentes da Tropa de Choque.
Com um armamento de grande porte em mãos e sorrindo, uma agente da tropa foi o centro dos holofotes. Agentes do Corpo de Bombeiros também emprestaram capacetes e tiraram fotos com manifestantes.
A boa recepção aos PMs e o tratamento cortês dos policiais com manifestantes não é novidade nos protestos a favor do presidente. Estimulados pela vivência militar de Bolsonaro, os policiais são afeitos ao capitão reformado — principalmente os de baixa patente.
Tanto é que causou preocupação na Secretaria da Segurança Pública a participação dos agentes na manifestação de hoje. No interior, segundo o deputado federal Coronel Tadeu (PSL), PMs chegaram a alugar ônibus para vir até a capital.
Antes do ato, "veteranos da Rota", identificados como ex-membros do batalhão de elite da PM, se reuniram em uma carreata no batalhão da Rota, na zona norte, até a avenida Paulista.
Por volta das 16h, a rua da Consolação foi fechada no sentido centro da capital para a dispersão dos manifestantes.
Na manifestação, a reportagem notou a presença massiva de crianças acompanhada de outros adultos. Com cornetas, tintas verde e amarela e algumas com camisas do Brasil, elas gritavam "mito" e "Fora Moraes" enquanto o presidente discursava. Outras tiravam fotos, ao lado de outros adultos, com cartazes pedindo intervenção militar.
Poucas pessoas usavam máscara de proteção contra a covid-19. Muitas vestiam camisetas feitas especialmente para a ocasião, algumas delas indicando a cidade de origem. Grande parte menciona cidades do interior de São Paulo e do Paraná.
Boa parte do público seguiu a pé pela rua, outra parte optou por seguir de metrô, pela estação Paulista, linha amarela. Dois caminhões da tropa de Choque, um caminhão do Corpo de Bombeiros, PMs de motocicleta e carros da CET ajudaram na dispersão.
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