Presidente da OAB critica Lira: 'Bolsonaro não quer ponte da pacificação'
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, diz que espera mais atuação de Arthur Lira (PP-AL) para conter as agressões institucionais de Jair Bolsonaro (sem partido).
Em entrevista ao UOL News, Santa Cruz afirmou que o presidente da República ultrapassa as "quatro linhas da Constituição" há muito tempo e, por isso, falas amenas como a do presidente da Câmara dos Deputados hoje não impedem Bolsonaro de trazer mais aliados para a "ruptura".
"Isso é gravíssimo e não é possível que seja normalizado", criticou o presidente da OAB. "Se espera mais do Congresso Nacional e de Arthur Lira. Ele dizer que vai construir uma ponte, essa ponte está a disposição do presidente há muito tempo. Ele não quer atravessar a ponte da pacificação. O presidente quer chamar as pessoas para o seu lado, que é o da ruptura", disse.
Um dia após os atos antidemocráticos de 7 de setembro, Lira afirmou que não há "mais espaço para radicalismos e excessos" no país.
Em recado a Bolsonaro, o deputado subiu o tom e declarou que "a Constituição jamais será rasgada" e que é hora de dar "um basta nas escaladas" conflituosas. Por outro lado, também enviou um sinal de apaziguamento e se disse aberto a conversas a fim de tentar acalmar os ânimos.
"Temos que parar de meias palavras. Estamos lutando pela democracia brasileira, vamos lutar dentro da lei, com respeito, mas o que houve ontem da parte do presidente é um sequestro de data cívica", avaliou Santa Cruz.
Para o advogado, o mais grave na participação de Bolsonaro nos atos antidemocráticos é a tentativa de desviar o foco do inquérito das fake news. O presidente foi incluído como investigado na ação pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
"O presidente da República mobilizou o Brasil no 7 de setembro para tratar de um inquérito, voltou suas armas contra um ministro, [por causa de] um inquérito que pode chegar à casa dele", disse Santa Cruz.
"Um inquérito que trata de investigar quem financiou e montou uma máquina para destruir a reputação daqueles que impediam a implantação do projeto autoritário do presidente."
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