Em SP, Holiday chama Bolsonaro de 'jumento' e 'corrupto' para pequeno grupo
Presente na manifestação na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, o vereador Fernando Holiday (Novo-SP) fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem chamou de "jumento" e "corrupto".
"Eu votei no Bolsonaro sabendo que ele era um jumento, mas não sabia que ele seria tão corrupto", disse Holiday.
Se antes o vereador era integrante do MBL (Movimento Brasil Livre), participando ativamente das manifestações contra Dilma Rousseff (PT) em 2015 e declarando voto em Bolsonaro em 2018, hoje Holiday está distante dos seus antigos companheiros.
Na Paulista, ele discursou contra o presidente do alto do trio elétrico do Movimento Direita Digital, para uma plateia minúscula e pouco empolgada.
Ele também comparou a família Bolsonaro às do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e do ex-presidente José Sarney.
A família Bolsonaro é tão pior quanto a família Calheiros e a família Sarney. Ela é tão suja quanto a quadrilha petista que tomou conta do nosso país durante anos."
Fernando Holiday, vereador
"Hoje nós estamos aqui não para defender um partido, não para defender uma classe política. Estamos aqui hoje para defender o Brasil dessas raposas", concluiu.
Bolsonarista retirado
Mais cedo, o ato puxado pelo trio elétrico do Movimento Direita Digital, onde estava Holiday, foi interrompido pela presença de um apoiador de Bolsonaro. Além de trajar uma camiseta com os dizeres "Bolsonaro presidente", o homem fazia uma transmissão ao vivo, provocando os manifestantes contrários ao presidente.
Sua presença causou irritação dos demais, que atiraram garrafas de plástico e latas de cerveja. Ele precisou ser escoltado pela Polícia Militar, que o trouxe para a unidade móvel da corporação, onde ainda estava até a última atualização desta reportagem.
"Nem Lula, nem Bolsonaro"
O professor Waldemar Nogueira Martins Júnior, 60 anos, e a filha Luisa Loves Souza Martins, de apenas 11 anos, vieram de Rio Verde, Goiás, para participar do ato na Avenida Paulista. Ambos seguravam a faixa: "Por um Brasil decente, nem Lula nem o demente".
Para o professor, estar na manifestação é um ato de amor ao país: "Eu amo o Brasil, mas o nosso país está vivendo um momento muito crítico. Todos nós precisamos fazer alguma coisa para acabar com esse reino de mentiras, com essa fraude e com essa farsa que é o governo Bolsonaro".
Eleitor de Jair Bolsonaro em 2018, hoje Waldemar se arrepende, mas afirma que o que levou a votar no presidente na eleição passada foi o seu "antipetismo": "Eu nunca fui bolsonarista. Eu votei no Bolsonaro porque eu sou um antipetista, e eu tenho certeza que a maioria que votou nele também votou contra PT".
À respeito da ausência do próprio PT e de outros partidos de esquerda no ato, sob a justificativa de que os mesmos que organizam a manifestação, são os que levaram Bolsonaro ao poder, Waldemar discorda.
Quem criou o bolsonarismo foi o petismo, com aquele governo desastroso. Erramos em eleger Bolsonaro, mas o que nós precisamos agora é de um governo que nos una novamente. Afinal de contas, a divisão começou com o PT e o Bolsonaro só jogou a gasolina por cima.
Waldemar Nogueira Martins Júnior, professor
Presença de adolescentes
Enrolada na bandeira com as cores do movimento LGBTQIA+ e segurando um cartaz com os dizeres "eu não recebi para estar aqui", fazendo uma provocação aos apoiadores de Bolsonaro que participaram dos protestos na última terça-feira (7), a estudante do curso técnico de enfermagem, Sophia Safra Batista Ferreira, representava a ala adolescente que marcava forte presença na manifestação na Paulista.
Com 16 anos, Sophia sabe que, em 2022, ela e muitos outros jovens da mesma idade pode, decidir o futuro do país nas eleições: "É muito importante as pessoas da minha idade saberem mais sobre política e participarem destas manifestações. Afinal, nós somos o futuro do país".
Para Sophia, motivos para protestar contra o governo não faltam: "Bolsonaro não é um bom presidente, ele não se importa com os brasileiros em geral, ele está interessado em favorecer um grupo de pessoas. O aumento do gás de cozinha, ao mesmo tempo em que pessoas compram ossos no mercado para poder se alimentar, mostra que ele governa para os ricos".
Se o ato de hoje vendia a imagem "de nem Lula e nem Bolsonaro", Sophia, que vai votar pela primeira vez em 2022, já escolheu um lado: "Vou votar no Lula. Não que eu seja de esquerda ou petista, mas porque ele é o único candidato forte para fazer oposição ao Bolsonaro", finaliza.
Vem Pra Rua e Movimento Livres
Localizado na frente do prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o trio elétrico do Movimento Vem Pra Rua, na companhia do Movimento Livres, falou para um público que, em sua maioria, trajava bandeiras e camisetas do partido Novo.
Entre os interlocutores, discursaram a vereadora Janaína Lima (Novo-SP) e o deputado federal Vinícius Poit (Novo-SP), além do historiador e comentarista político Marco Antônio Villa, que fez questão de afirmar que essa não será a primeira vez que a Avenida Paulista será tomada pela população contra o governo de Jair Bolsonaro.
Nós vamos ter que voltar muitas vezes aqui para construir a democracia no Brasil. Mas é como eu digo, a república só foi anunciada no dia 15 de novembro de 1889, ela nunca foi proclamada, quem vai proclamar somos nós nas ruas defendendo a liberdade, democracia e não se vendendo a qualquer projeto criminoso de poder.
Marco Antônio Villa, comentarista político
O youtuber da extrema direita, Nando Moura, também discursou para os presentes: "Eu prefiro estar em uma manifestação que não tenha tanta gente assim, do que ficar lambendo bota de bandido, sendo ele Lula ou Bolsonaro".
O professor de música, que já foi defensor de Bolsonaro no passado — tendo até entrevistado o presidente, à época deputado, em seu canal na internet, não poupou palavrões e xingamentos para o atual governo: "Eu não sou do MBL, não faço parte do Vem Pra Rua e não tenho movimento nenhum, eu só um professor de música p... da vida, que achava que Bolsonaro era a luz do fim do túnel. Mas o filho da p... era um trem".
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