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Eduardo Bolsonaro critica Paulo Freire: 'Educação de péssima qualidade'

Lucas Valença

Do UOL, em Brasília

18/09/2021 11h17

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho "03" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), usou as redes sociais hoje para atacar a memória do educador Paulo Freire. Na quinta-feira (16) passada, o pai do político disse a apoiadores que "o excesso de professores atrapalha".

"Educação do país de péssima qualidade e não se pode nem criticar o patrono desta bagunça? Isso não é justiça, é militância doentia", afirmou Eduardo.

As postagens do deputado dizem respeito à decisão da Justiça Federal do Rio de Janeiro que proibiu o governo de "praticar qualquer ato institucional atentatório a dignidade do professor Paulo Freire".

A liminar concedida pela juíza Geraldine Vital atendia a um pedido do MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos), que argumentou que Freire tem recebido "ofensivas e injustificadas críticas".

Entre os apontamentos da entidade, está o fato de, em 2019, o governo federal ter retirado uma homenagem a Paulo Freire de uma plataforma da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior).

Outro ponto levantado pelo movimento diz respeito ao plano de governo apresentado pelo hoje presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018, quando ainda era candidato, dizendo que iria expurgar "a ideologia de Paulo Freire" da educação.

Paulo Freire é considerado Patrono da Educação Brasileira e é conhecido pelos estudos que defendem a conscientização do estudante e a alfabetização de adultos. Autor de "Pedagogia do Oprimido", Freire chegou a ser perseguido e exilado na década de 1960 pela ditadura militar. Caso estivesse vivo, o educador completaria 100 anos amanhã.

Natural de Recife, desenvolveu o método de alfabetização que o faria ser reconhecido nacional e internacionalmente, focado no ensino de adultos.

"Excesso de professores"

Na última quinta-feira o presidente Bolsonaro afirmou que o Estado brasileiro "foi inchado" após um concurso para a contratação de 100 mil professores na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

"Não estou dizendo que não precisa de professor, mas o excesso atrapalha", declarou o mandatário a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente.

Mais cedo, o ex-ministro da Educação responsável por programas como Fies e Prouni e ex-candidato à presidência pelo PT, Fernando Haddad, usou da ironia para criticar a fala de Jair Bolsonaro. O petista também insinuou que o partido voltará a governar o país a partir de 2023.

"Autocrítica: assumo que fui o responsável pela maior contratação de professores para a rede federal de educação superior e profissional da história do Brasil que hoje, segundo Bolsonaro, atrapalham o país. Aviso: faremos mais a partir de 2023", afirmou Haddad.