Aécio se solidariza com Alckmin e fala em 'silêncio’ e desrespeito do PSDB
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) criticou hoje, por meio de uma carta, o "silêncio" e o desrespeito do PSDB com um de seus principais nomes, o ex-governador Geraldo Alckmin, que deve deixar o partido e se filiar ao PSD de Gilberto Kassab para disputar o governo do estado.
No texto, o parlamentar mineiro diz se solidarizar com o colega de partido, fala em "traição" e critica "alguns líderes" tucanos de São Paulo, mas sem citar o atual governador e pré-candidato à presidência da República, João Doria, um de seus maiores críticos dentro da legenda.
"O silêncio de nossos líderes, especialmente alguns de São Paulo, que trabalharam a seu lado ou dele receberam decisivo apoio em suas trajetórias, atualizam, lamentavelmente, a velha máxima, segundo a qual, na política, o dia da gratidão é a antevéspera da traição, ou, como diria Leonel Brizola: 'a política ama a traição, mas abomina o traidor'", afirmou. (veja a íntegra da carta no final deste texto)
Empresário, João Doria entrou para o mundo político em 2016 quando foi eleito prefeito de São Paulo. Na época, Geraldo Alckmin era seu padrinho político e o principal responsável por sua vitória, mas os dois romperam pouco tempo depois. Nas eleições de 2018, quando se lançou ao governo de SP, Doria foi criticado por "esconder" Geraldo Alckmin durante a campanha e por tentar "pegar carona" no então candidato à presidência Jair Bolsonaro, inclusive com o bordão "Bolso-Doria".
Ainda na carta, Aécio Neves diz ter conversado "recentemente" com Alckmin e que considera "incompreensível o silêncio do PSDB sobre a sua iminente "saída do nosso partido". "Desde a fundação do PSDB, Geraldo nos representou com firmeza e dedicação em vários momentos históricos", diz.
Os políticos do PSDB interessados em disputar o governo de São Paulo pela sigla tinham até a última segunda-feira (20) para se lançar como pré-candidato, mas apenas o vice-governador do estado, Rodrigo Garcia, homologou sua candidatura ao pleito - ele tem o apoio de João Doria.
Prestes a deixar o PSDB, Geraldo Alckmin quer formar uma frente ampla para voltar ao Palácio dos Bandeirantes, sede da administração estadual. Pesquisa DataFolha divulgada neste fim de semana apontou o tucano no primeiro lugar da disputa estadual, seguido pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT). O ex-governador Márcio França do PSB aparece no terceiro lugar, enquanto Garcia está entre os últimos colocados.
Veja íntegra da carta
"Silêncio constrangedor!
Conversei recentemente com o ex-governador Geraldo Alckmin e considero incompreensível o silêncio do PSDB sobre a sua eminente saída do nosso partido.
Eu o conheci quando chegamos, em 1987, para a Assembleia Nacional Constituinte, apresentado pelo então Senador Mário Covas.
Desde a fundação do PSDB, em 1988, Geraldo nos representou com firmeza e dedicação em vários momentos históricos.
O silêncio de muitas das nossas lideranças, testemunhas da lealdade e generosidade do ex-governador, diminui o PSDB e não honra a nossa trajetória.
A história do nosso partido não começou ontem. Temos uma longa trajetória de lutas e conquistas em favor do Brasil, e Geraldo esteve presente em todas elas.
O PSDB tem com ele uma dívida de reconhecimento e gratidão.
Os valores e o significado do nosso partido não podem se submeter à força de uma máquina administrativa ou de projetos pessoais que nada têm a ver com nossa história.
Insisto: o silêncio de nossos líderes, especialmente alguns de São Paulo, que trabalharam a seu lado ou dele receberam decisivo apoio em suas trajetórias, atualizam, lamentavelmente, a velha máxima, segundo a qual, na política, o dia da gratidão é a antevéspera da traição, ou, como diria Leonel Brizola: "a política ama a traição, mas abomina o traidor."
Ao governador Geraldo Alckmin, meu respeito e minha solidariedade.
Aécio Neves
Deputado Federal e ex-presidente nacional do PSDB"
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