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Bolsonaro ouve protesto durante discurso e reage com ataques à esquerda

Do UOL, em São Paulo*

30/09/2021 13h13Atualizada em 01/10/2021 09h34

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi alvo de um protesto durante discurso em Belo Horizonte e reagiu com ataques à esquerda, repetindo que está pronto para o debate caso confirme a candidatura à reeleição em 2022.

Falando diante de um público de apoiadores em mais um evento em alusão aos mil dias de Governo completados nesta semana, Bolsonaro interrompeu seu discurso ao ouvir uma mulher se manifestar contrariamente. Não foi possível identificar na transmissão oficial pelas redes sociais o teor das críticas, mas houve reação do público com vaias à dissidente.

Depois de uma breve pausa, Bolsonaro pediu calma aos seguidores e mudou o rumo do discurso, que no momento da interrupção tratava sobre os efeitos da pandemia.

"Isso é bom que aconteça, não vou ofender essa senhora que proferiu essas palavras que não deu para entender. Diz um velho ditado, quem até os 30 anos não foi de esquerda não tem coração, quem continua depois dos 30 não tem cérebro", disse.

Na sequência, Bolsonaro disse que seria "um prazer debater com o candidato da senhora" os quatro anos de seu mandato com os 14 de governos petistas. Na segunda (27), o presidente disse que estava pronto para debater com Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

"Não dá para discutir política com a esquerda", continuou. "Inteligente é o que aprende com erro de outros, os menos inteligentes aprendem com os próprios erros. E essa pessoa que teve agora pouco aqui, por não ter inteligência nenhuma, não vai aprender nunca."

No restante do discurso, Bolsonaro manteve os ataques que frequentemente faz a opositores, dizendo que "não ver um comunista" sentado na cadeira presidencial o conforta. Ele ainda fez críticas a países como a Venezuela e a Argentina, que são governados por políticos de esquerda.

No início da cerimônia o presidente pediu que "na medida do possível", o governador e a segurança do evento liberassem manifestantes pró-governo para se aproximarem do local onde ocorria o evento. Manifestantes contrários ao governo reclamaram que foram impedidos de entrar na área da cerimônia. Grades que cercavam o perímetro foram derrubadas e a Polícia Militar teve que intervir.

Garoto vestido de policial

O evento em Belo Horizonte também ficou marcado pela presença de um menino de seis anos vestido de policial que se sentou ao seu lado. Bolsonaro chegou a pegar a arma de brinquedo que o menino carregava e empunhá-la para o alto, em um gesto armamentista que frequentemente repete.

Ele chegou a interromper o discurso do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, para explicar o que estava acontecendo no palco.

"Quando eu era moleque brincava com isso, com arma, flecha, com estilingue. Assim foi criada a minha geração e crescemos homens, fortes, sadios e respeitadores. Meus cumprimentos aos pais deste garoto por estarem emprestando o moleque para dar um exemplo de civilidade, patriotismo e respeito", disse.

Depois, durante o discurso, Bolsonaro voltou a se referir ao garoto, brincando que dispensaria seguranças porque se sentia protegido pela criança. Depois, deu uma pausa no discurso armamentista para ponderar que sua atual arma é a "tribuna e a voz".

Dizendo que não poderia deixar de passar por Minas Gerais durante as comemorações dos mil dias de Governo, Bolsonaro ainda fez elogios diretos ao governador Romeu Zema (Novo-MG).

"Como é bom ter um governador da estatura do Romeu Zema. Homem que ninguém conhecia, uma surpresa sua ascensão. Outros ascenderam, mas o ego subiu à cabeça. A humildade do Zema é o sucesso de seu trabalho em Minas", disse.

Na cerimônia, o presidente sancionou uma lei que abre crédito especial no valor de aproximadamente R$ 3 bilhões. Deste valor, R$ 2,8 bilhões serão destinados à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A medida visa aumentar o capital da União na empresa a ser constituída a partir da cisão parcial da CBTU.

Dentre outras medidas, o projeto também destinará R$ 66 milhões para obras do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), R$ 33 milhões para fomento do setor agropecuário e R$ 22 milhões para projetos de infraestrutura hídrica da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

*Com informações da Estadão Conteúdo.