Sakamoto: Pazuello em cargo no governo é estratégia de defesa contra a CPI
Na análise do colunista Leonardo Sakamoto, a nomeação do general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello ao cargo de assessor da Secretaria de Assuntos Estratégicos era "esperada". Isso porque, com a reta final da CPI da Covid, interessa ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) proteger o homem que esteve à frente da pasta durante por 10 meses da pandemia da covid-19.
"Ele está próximo do presidente e foi colocado lá por uma questão estratégica para defender Pazuello da CPI da Covid. A CPI avança para relatório final e é importante que Pazuello esteja próximo do governo, protegido pelo presidente", falou ao UOL News.
Além de resguardar o ex-ministro da Saúde, o próprio governo federal estaria tentando se proteger de eventuais ataques ou deslizes de Pazuello. "Poderia dar problema dependendo do que ele falasse, até agora na CPI ele não falou nada, porque ele foi o executor da política do presidente", disse Sakamoto.
O jornalista avaliou que Pazuello é uma "figura que apanhou bastante" por ter cumprido ordens, como ele mesmo disse, do presidente. A gestão do general à frente da pasta ficou marcada pela crise e falta de oxigênio para pacientes internados com covid em janeiro e pelo atraso na compra de vacinas.
Abin nas eleições
A PF (Polícia Federal) entregou um documento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) requerendo que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), órgão federal, auxilie no transporte de votos em futuras eleições.
O argumento da PF é que o órgão traria mais segurança nos pleitos, que foram alvos de críticas pelo presidente Bolsonaro. Apesar da ideia ter surgido no governo do ex-presidente Michel Temer, o repertório do atual mandatário é o que pode impedir a proposta de ser aceita.
"O problema é que o presidente Jair Bolsonaro tem histórico de dobrar instituições para que elas sirvam os seus interesses, não é toda, mas partes", falou.
Com esse comportamento do presidente, qualquer órgão do Executivo cuidando de uma parte da transferência dos votos no processo eleitoral sempre será visto com desconfiança. Bolsonaro teria que sair do cargo e não disputar a eleição para garantir lisura, nem poderia apoiar ninguém. Acho que não vai passar, ainda mais agora com o recuo do presidente".
Michelle Bolsonaro
O colunista comentou também a investigação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pela Procuradoria da República no Distrito Federal por um possível favorecimento de amigos na busca por créditos de programas emergenciais da Caixa Econômica Federal, durante a pandemia.
"Sendo confirmada essa investigação, isso é tráfico de influência", apontou Sakamoto. "É interessantíssimo como Michelle Bolsonaro acaba aparecendo aqui e ali ao longo dos anos como uma personagem da política, não por algum projeto ou algo que desenvolve, mas por algo ligado à ilegalidade", afirmou.
"É estranho como uma pessoa sem muita ação na República vira e mexe aparece pipocando", explicou. A informação sobre a investigação foi confirmada pela assessoria de imprensa ao UOL. O MPF, no entanto, explicou que o tema será investigado dentro do inquérito que já apura as irregularidades na Caixa.
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