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Precisamos tirar Lira da inércia criminosa, diz Ciro sobre impeachment

Marcela Lemos e Nathan Lopes

Colaboração para o UOL, no Rio, e do UOL, em São Paulo

02/10/2021 14h15

Pré-candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes disse que é preciso tirar o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), "da inércia criminosa". Lira é o responsável por dar andamento a pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido), um dos motes das manifestações que acontecem hoje pelo país.

Ciro esteve presente no ato realizado no centro do Rio. A fala sobre Lira aconteceu em um palanque, onde também estavam outros políticos, como o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.

"Precisamos tirar Arthur Lira da inércia criminosa. Isso não vai acontecer com doçura. Isso só vai acontecer com luta, com o nosso povo organizado, de forma plural, generosa, deixando nossas diferenças para depois que nós protegermos a democracia e as liberdades do nosso povo. É por isso que estou aqui, de peito aberto", disse Ciro.

O político puxou coro de "fora, Bolsonaro" e disse que o processo do impeachment cabe neste momento porque o presidente atenta contra a democracia. Ciro disse que a oposição precisa dar exemplo e mostrar que "estão pensando mesmo no povo, na democracia".

Lupi, por sua vez, disse que o lugar de Bolsonaro é "na cadeia" e diz que ele usa a Bíblia para enganar o povo. "Esse verme, esse coisa ruim tem que ir para a cadeia", comentou Lupi, que também chamou Bolsonaro de "belzebu" .

"Hoje, começamos a jornada.Uma jornada difícil, em que não somos maioria.Mas nunca foi diferente para o povo brasileiro", disse o presidente do PDT.

Ciro também deve participar do ato que acontece em São Paulo neste sábado.

Protestos pelo Brasil

Com faixas atacando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), críticas à condução do combate à pandemia pelo Ministério da Saúde, à alta de preços (principalmente do gás de cozinha) e o reforço de vacinados que foram pela primeira vez às ruas, os atos contra o governo federal e pelo impeachment do presidente da República começaram na manhã deste sábado em pelo menos cinco capitais: Maceió, Recife, Belém e Fortaleza, além do Rio. Em São Paulo, os manifestantes ainda estão na concentração.

Milhares de pessoas participam do ato na capital fluminense. Estão presentes FUP (Federação Única dos Petroleiros), CUT (Central Única dos Trabalhadores), SinproRio (Sindicatos dos Professores do Rio) e partidos políticos como PT, PDT, PSOL e PCO. As camisas do Partido dos Trabalhadores dominam o tom do protesto "Fora Bolsonaro", com forte presença do PSOL.

A PM não estima o número de manifestantes no Rio. A avenida Rio Branco tem três quarteirões ocupados entre a Presidente Vargas e a rua Buenos Aires.

Além de receber integrantes de centrais sindicais e partidos políticos, o protesto conta também com reforço de pessoas que estão saindo de casa pela primeira vez, após receberam as duas doses da vacina contra a covid-19. É o caso do professor da Fatec, Antonio Carlos Borges Campos, 56, que participa pela primeira vez de um ato contra o presidente durante a pandemia.

"Eu me resgaudei até agora e estou vindo ao primeiro protesto. Não é 100% seguro, mas me parece que já está na hora. Esse é o momento de fazer florescer a esperança que parece o fundamental. Nossa faixa é em homenagem a Paulo Freire que a gente tem como um semeador de esperança. A educação é a saída e a entrada".

Vacinado com três doses contra a covid-19, o casal Helena Martins, 86, e Eunicio Cavalcante, 88, também aderem ao ato deste sábado contra o presidente.

"A luta é minha razão de viver. Eu vivo para lutar por um mundo melhor, por uma sociedade mais humana, menos desigual. Agora com a vacina, estamos no fora Bolsonaro", disse o aposentado que trouxe para o ato cadeiras de praia para aguentar o protesto até o final.

Expectativa para os protestos

Os organizadores da Campanha Nacional Fora Bolsonaro dizem acreditar que será a maior manifestação contra o presidente neste ano. O protesto de caráter nacional está confirmado em 251 cidades brasileiras e em 16 países, segundo informaram fontes ligadas à organização do evento.

Em São Paulo, a manifestação prevê a presença de lideranças de 21 partidos. A expectativa dos organizadores é de que representantes de todas as correntes políticas subam ao palanque na avenida Paulista.

Fernando Haddad (PT), Ciro e Guilherme Boulos (PSOL), que disputaram as eleições presidenciais de 2018, devem discursar no ato na avenida Paulista, região central de São Paulo. Deles, apenas Ciro deverá disputar a Presidência novamente em 2022.

A manifestação contra Bolsonaro prevê até mesmo a presença de representantes do PSL, partido pelo qual o presidente foi eleito em 2018. Partidos de centro-direita e da direita, como PSDB, MDB, DEM e Podemos, também estarão no protesto.

Os organizadores reforçam a necessidade de adoção de medidas de segurança contra a pandemia causada pelo coronavírus, com uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social.

Manifestações contra Bolsonaro pelo Brasil em 2 de outubro