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Advogada é atropelada em ato no Recife; vereadora cita atentado

Mulher é atropelada em manifestação contra Bolsonaro no Recife - Reprodução/Twitter
Mulher é atropelada em manifestação contra Bolsonaro no Recife Imagem: Reprodução/Twitter

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

02/10/2021 16h19Atualizada em 02/10/2021 21h35

Uma mulher de 28 anos foi atropelada durante ato realizado hoje no Recife contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo testemunhas, o veículo, um Jeep Renegade preto, avançou contra um grupo de manifestantes já no final do ato, por volta das 12h30. A mulher não teve a identidade divulgada. Segundo a vereadora Dani Portela (PSOL), o atropelamento foi proposital.

A vítima trata-se de uma advogada integrante da Comissão de Advocacia Popular da OAB-PE (Ordem dos Advogados do Brasil seccional Pernambuco).

O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) confirmou que socorreu uma pessoa vítima de atropelamento, mas que teria sido na rua da Aurora, na Boa Vista, área central do Recife. Porém, os atendentes informaram que o dado do local pode ser impreciso. A vítima foi socorrida para o Real Hospital Português, no Paissandu, área central do Recife. O hospital não divulgou o estado de saúde dela a pedido da família.

Segundo o advogado Renan Castro, presidente da Comissão de Advocacia Popular da OAB-PE, a advogada tem estado de saúde estável. Ela sofreu fratura no joelho e na cabeça e deverá passar por procedimento cirúrgico.


Segundo a vereadora, o atropelamento ocorreu na avenida Martins de Barros, em frente ao Armazém do Campo, no bairro de Santo Antônio, região central do Recife. A vereadora do Recife afirmou que já tinha saído do ato quando recebeu uma ligação informando sobre o atropelamento e voltou ao local. Ela disse que encontrou a mulher machucada, ainda caída no chão e aguardando socorro.

"No final do ato fora Bolsonaro, recebi um pedido de socorro. Uma manifestante foi atropelada e arrastada por um carro. Corri para cá e ela estava caída no chão, sangrando bastante, machucada. As pessoas que estavam aqui disseram que ele teria feito isso propositalmente. O Jeep preto Renegade teria avançado em direção aos manifestantes e arrastou por cerca de 50 metros [a vítima]", relatou Portela, destacando que vai cobrar das autoridades policiais que o condutor do veículo seja preso pelo suposto atentado contra a manifestante.

Segundo a vereadora, testemunhas relataram que o condutor do veículo acelerou em cima dos manifestantes e fugiu sem prestar socorro. Elas conseguiram tirar foto do veículo, que identificou a placa.

Dados do Detran-PE mostram que o veículo tem registro de oito infrações de trânsito, que somam o valor de R$ 2.886,34. As multas são por transitar na contramão, furar sinal vermelho, transitar em faixa exclusiva de ônibus, estacionar em esquina, utilizar telefone ao volante, estacionar em local de horário proibido e duas infrações por dirigir em alta velocidade.

"Isso fere o direito de livre manifestação, o estado democrático de direito. Precisamos cobrar das autoridades que ainda hoje seja expedido mandado de prisão", destacou a vereadora, afirmando que está com os dados do proprietário do veículo, obtidos por meio da placa do veículo.

Agressões e tiro no olho

Em 29 de maio, em outro protesto contra Bolsonaro no Recife, duas pessoas foram agredidas por policiais militares e perderam a visão de um dos olhos. Daniel Campelo, de 51, estava indo ao centro da cidade comprar material para o trabalho dele, que é de adesivação, quando foi alvejado no rosto. Apesar dos procedimentos cirúrgicos, a visão do olho direito não foi recuperada.

No mesmo ato, o arrumador Jonas Correia, de 29 anos, levou um tiro de borracha que atingiu o supercílio e o olho. Ele também perdeu a visão do olho atingido ela bala de borracha disparada por um policial militar. Os dois homens foram socorridos para o HR (Hospital da Restauração), no Derby, mas depois transferidos para o Hospital Altino Ventura, unidade pública especializada em oftalmologia.

A vereadora do Recife Liana Cirne (PT) foi atingida no rosto por spray de pimenta disparado pelos PMs. A vereadora mostrou a carteira se identificando como parlamentar, mas não adiantou e foi agredida. Após, os episódios, o comandante da operação e os policiais militares envolvidos foram afastados por ordem do governador Paulo Câmara (PSB).