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CPI da Covid receberá um ex-médico e um paciente da Prevent Senior na 5ª

Colaboração para o UOL, em São Paulo, e do UOL, em Brasília

05/10/2021 09h18Atualizada em 05/10/2021 18h38

A CPI da Covid irá receber um ex-médico e um paciente da Prevent Senior, na quinta-feira (7), em vez de três ex-médicos da operadora de saúde. A informação foi dada pelos senadores Rogério Carvalho (PT-SE), Humberto Costa (PT-PE) e pela assessoria do vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

A previsão é que falem à CPI Walter Correa de Souza Neto, médico ex-funcionário da Prevent, e Tadeu Frederico Andrade, paciente e cliente da empresa.

Um grupo de 12 médicos e ex-médicos da Prevent Senior apresentou denúncias contra a empresa em dossiê à CPI no final de agosto. A advogada do grupo, Bruna Morato, depôs na comissão na terça (28). Segundo ela, a Prevent implementou uma política interna de "coerção", e os profissionais de saúde acabaram receitando o chamado "kit covid" por medo de sofrerem retaliações, inclusive demissão.

A expectativa é que Tadeu Frederico Andrade fale sobre o tratamento médico para a covid-19 utilizado pela operadora de saúde.

"[Tadeu] contou ter sido infectado pela covid-19 no Natal e, por telemedicina na Prevent Senior, foi-lhe receitado o 'kit covid'. Seguindo a prescrição, o Senhor Tadeu tomou a medicação, mas seu quadro clínico se agravou, necessitando de internação em unidade de tratamento intensivo (UTI). Após um mês na UTI, a equipe da Prevent, segundo alegado pelo beneficiário, queria tira-lo da internação para economizar custos, colocando-o sob cuidados paliativos. A família do Senhor se recusou a aceitar tal mudança terapêutica. Por fim, o senhor Tadeu se recuperou e, vivo, denunciou a Prevent Senior à CPI e ao Ministério Público de São Paulo", diz trecho do pedido de convocação de Tadeu elaborado por Humberto Costa.

Segundo Rogério Carvalho, esses dois depoimentos serão muito marcantes, pois são histórias reais.

"O médico irá relatar a sua vivência na Prevent Senior e o caso do paciente é muito simbólico, porque ele foi um dos que seriam colocados em cuidados paliativos e sobreviveu porque a família resistiu. É a prova viva de que a Prevent Senior praticou cuidados paliativos como forma de reduzir seus custos e como forma de dar alta aos pacientes que precisavam de tratamento contra a covid-19", explicou durante o UOL News desta terça-feira (5).

Carvalho também destacou o depoimento do diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), Paulo Rebello, na quarta-feira (6). "Existem muitos questionamentos sobre o que a ANS fez no caso da Prevent Senior, que deve ter recebido centenas de queixas de familiares e pacientes, e o que a ANS fez com relação a outros planos de saúde, que em nome da autonomia, acabaram não dando autonomia, e, sim, obrigando que o protocolo do tratamento precoce fosse adotado como regra. Isso é muito grave e a ANS precisa dar respostas", comentou.

Para o senador, a Prevent Senior tinha sensação de total cumplicidade com o 'gabinete paralelo' e com o governo federal. "Eles tinham autorização para matar sem serem incomodados", completou.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.