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Senador: relatório da CPI parece sentença, mas governo está 'tranquilo'

Do UOL, em São Paulo

19/10/2021 12h47Atualizada em 19/10/2021 13h31

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), criticou hoje, em entrevista ao UOL News, o relatório final da CPI da Covid produzido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). De acordo com o político, o texto se assemelha com uma sentença judicial, mas o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está "tranquilo" com a divulgação do documento.

"Estamos com o relatório que está parecendo uma sentença", disparou.

Para o parlamentar, Renan Calheiros cometeu "excessos" ao apontar diversos crimes contra o presidente e seus filhos no documento, de modo que dividiu até o grupo G7 composto por senadores oposicionistas ao governo e independentes. Ele também ressaltou que "só investigaram o presidente" durante a CPI e afirmou que isso "está escancaradamente errado".

"Você pode criticar a atitude dele [Bolsonaro], mas você não pode dizer que isso levou a crime. Você pode fazer a crítica, mas você não pode criminalizar o presidente da República", opinou.

Apesar das críticas ao relatório e pedir equilíbrio à CPI, o senador afirmou que o governo "está absolutamente tranquilo" com a finalização do relatório pela comissão parlamentar. Mais cedo, o presidente Bolsonaro voltou a criticar Calheiros e declarou que não se preocupa com a comissão.

O governo está absolutamente tranquilo. O governo evidentemente não esperava que chegasse a tanto o teor desse relatório, mas é evidente que o governo está tranquilo porque esse relatório vai ser enviado para os órgãos de controle competente e eles terão uma posição muito diferente daquilo que a gente viu na CPI.
Fernando Bezerra (MDB-PE) ao UOL News

Bezerra também declarou que a CPI se transformou em "palanque político e eleitoral", porém, acredita que "não irá prosperar nenhuma das imputações criminais" contra o presidente da república apontadas no relatório final da CPI.

O parlamentar afirmou que amanhã, durante a leitura do relatório final da CPI, fará uma fala de 20 a 30 minutos em que irá "avaliar os pontos mais importantes do texto".

Queremos justiça e não vingança, diz presidente da CPI

Após uma sessão marcada por divergências entre o usualmente hegemônico G7 da CPI da Covid, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), disse que não pedirá para o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), remover nada do relatório gerado pelas investigações da CPI.

"Todos do G7 temos o mesmo discurso: não estamos atrás de vingança, mas de justiça. E, para isso, precisamos embasar as tipificações", ressaltou em entrevista à CNN Brasil. Sobre o episódio de discussão entre o grupo, ele falou: "A gente convive com a divergência. Não há mal-estar".

Apesar disso, uma parte do documento foi vazada para a imprensa, o que recebeu críticas de Aziz. "Joga-se aí para se debater publicamente um relatório quando não se deve fazer esse debate público: primeiro, precisa-se fazer um debate interno, técnico", afirmou.

Para ele, o trabalho feito pela CPI é sério, "não é ego" ou tentativa de "melhorar seu potencial eleitoral" com a aproximação dos pleitos de 2022.

A fim de desfazer a crise recente entre o G7, foi organizado para hoje um encontro em território neutro, oferecido pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.