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Revista diz que Alcolumbre tinha esquema de rachadinha; senador nega

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

29/10/2021 13h09Atualizada em 29/10/2021 18h54

Com base em depoimentos de ex-funcionários do Senado e extratos bancários de processo trabalhista, a revista Veja noticiou uma acusação de "rachinha" no gabinete do presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). O ex-presidente do Senado nega e diz que é vítima de perseguição.

Segundo a revista, o esquema teria envolvido seis mulheres que, antes de serem contratadas para o gabinete do senador, eram pobres, desempregadas e moradoras da periferia do Distrito Federal. À reportagem, elas relataram que Alcolumbre ficava com a maior parte dos salários delas. O esquema, segundo a revista, teria rendido R$ 2 milhões.

Em nota, Alcolumbre diz que só soube do "repudiável confisco de salários" por causa da reportagem da revista. Ele negou participação em quaisquer possíveis irregularidades. "Nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados", afirmou. "Tomarei as providências necessárias para que as autoridades competentes investiguem os fatos."

O senador diz que é vítima de "uma campanha difamatória sem precedentes". "Primeiro, fui acusado de ser um intolerante religioso (um judeu contra um evangélico)", disse. "É nítido e evidente que se trata de uma orquestração por uma questão política e institucional da CCJ e do Senado Federal", argumentou.

Alcolumbre não mencionou o nome do evangélico André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro (sem partido) para a vaga de Marco Aurélio Mello no STF (Supremo Tribunal Federal) e que aguarda há meses o parlamentar marcar sua sabatina no Senado.

Ex-funcionária acusa o senador de fraude

De acordo com depoimentos à Veja, o próprio Alcolumbre fez as contratações. Uma das seis ex-funcionária disse ter sido contratada para uma vaga cujo salário era de R$ 14 mil. Ela, porém, teria recebido apenas R$ 1.350. A orientação era para que não dissesse que tinha sido contratada no Senado.

A revista obteve extratos bancários das funcionárias. Parte delas processa o senador na Justiça do Trabalho. "Entre os papéis, há extratos bancários que comprovam que alguém zerava as contas das ex-funcionárias a partir do instante em que o pagamento era creditado", narrou a Veja.

Jessyca Priscylla de Vasconcelos disse à reportagem que retirava o pagamento no banco e entregava parte do pagamento a pessoas que o chefe de gabinete do senador indicava.

Leia a íntegra da nota de Alcolumbre
"Nota à imprensa
Venho sofrendo uma campanha difamatória sem precedentes. Há algumas semanas soltei nota à imprensa informando que não aceitaria ser ameaçado, intimidado e tampouco chantageado. Pois bem, além de repetir firmemente o mesmo posicionamento, acrescento que tenho recebido todo tipo de "aviso", enviado por pessoas desconhecidas, que dizem ter informações sobre uma orquestração de denúncias mentirosas contra mim.
Primeiro, fui acusado de ser um intolerante religioso (um judeu contra um evangélico), depois um áudio, de quase 10 anos atrás, foi divulgado em uma narrativa venenosa e maldosa de algo que nunca aconteceu.
Na sequência, uma operação da Polícia Federal, iniciada em 2020 e com desdobramentos somente agora, em vários estados, onde apenas um nome foi citado e amplamente divulgado: o meu. Operação na qual não sou investigado.
Agora, novamente, sou surpreendido com uma denúncia que aponta supostas contratações de funcionários fantasmas e até mesmo o repudiável confisco de salários.
Nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados, que somente tomei conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem.
Tomarei as providências necessárias para que as autoridades competentes investiguem os fatos.
Continuarei exercendo meu mandato sem temor e sem me curvar a ameaças, intimidações, chantagens ou tentativas espúrias de associar meu nome a qualquer irregularidade.
É nítido e evidente que se trata de uma orquestração por uma questão política e institucional da CCJ e do Senado Federal.
Davi Alcolumbre
Senador da República"