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Ministro Fábio Faria diz que Moro 'abandonou país' durante pandemia

Fábio Faria diz que "vento que sopra no Brasil ainda é de centro-direita" - Adriano Machado/Reuters
Fábio Faria diz que "vento que sopra no Brasil ainda é de centro-direita" Imagem: Adriano Machado/Reuters

Do UOL, em São Paulo

05/11/2021 08h36Atualizada em 05/11/2021 08h41

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, fez críticas ao ex-juiz Sergio Moro, que se filiará ao Podemos na próxima semana, com a possibilidade de se candidatar à presidência da República. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Faria disse que o ex-juiz "abandonou o país" durante a pandemia do novo coronavírus ao ir morar nos Estados Unidos e "agora volta para querer ser candidato".

Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do Governo Bolsonaro, Moro foi contratado no final de 2020 como sócio-diretor da consultoria norte-americana de gestão de empresas Alvarez & Marsal. Ao retornar ao Brasil recentemente, o ex-juiz se coloca no cenário eleitoral para 2022, com a possibilidade de concorrer à presidência.

"O Sergio Moro tem zero de habilidade política. Como vai se relacionar com o Congresso, com o grupo de ministros? É acostumado a dar decisão e mandar cumprir. Política é convencimento, diálogo, é abrir de coisas em nome do consenso. Onde ele estava nesse último ano, quando estávamos com pandemia, as pessoas morrendo, ele foi parar os Estados Unidos. Foi embora, abandonou o País. E volta agora para querer ser candidato?", questionou Fabio Faria.

A possível entrada de Moro na corrida presidencial pode movimentar principalmente o cenário no campo da direita. Em pesquisa do PoderData, divulgada no dia 27 de outubro, o ex-juiz aparece com 8% das intenções de voto. Em terceiro lugar, ele fica atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 35%, e Jair Bolsonaro (sem partido), com 28%.

Fabio Faria, porém, disse que não vê "condição de crescimento" da candidatura. "Não acredito que ele terá voto da esquerda ou da direita. Vai ter o voto de pessoas que eram bolsonaristas e já não são mais, poderiam estar votando em outro nome da terceira via e vão optar por ele. Não vejo ele captando gente de dentro do governo, da base, do grupo do presidente Bolsonaro. Acho Moro totalmente sem capacidade para ser presidente da República", afirmou.

"Vento de centro-direita"

Fábio Faria intensificou as críticas Moro ao mesmo tempo em que avalia que "o vento que sopra no Brasil ainda é de centro-direita", em uma indicação de que o Governo enxerga no ex-juiz um possível concorrente na busca por votos no primeiro turno

"Existe uma ressaca muito grande do PT. Lula está vivendo um bom momento porque se tornou elegível. Ele esteve preso, cheio de denúncias, e agora está olhando de camarote. Mas ele traz um legado de muito desgaste. O governo Dilma, os escândalos de corrupção, isso não entrou na discussão ainda", opina.

Neste sentido, o ministro acredita que o cenário atual, com Lula liderando todas as pesquisas a menos de um ano das eleições, pode mudar. Ele ainda avalia que Bolsonaro tem potencial de crescimento com o arrefecimento da pandemia no Brasil.

"Os números do Lula têm muita gordura. Ele já começou a queimar. E por outro lado Bolsonaro sai de um momento de pandemia gravíssimo, as pessoas em casa, com medo de morrer, perdendo parentes, agora estamos vendo a vida de volta. CPI durante cinco meses dominando só com notícia negativa para o presidente diariamente. Muita gente achou que ele ia morrer, mas ele sobreviveu, porque tem um arranque muito forte, do grupo que está com ele", disse.

Dentro deste contexto, Faria arrisca um palpite para as eleições de 2022. "Eu vejo Lula e Bolsonaro no segundo turno, e Bolsonaro ganhando. Acho difícil o PT voltar. Não brigo com pesquisa, mas tem muita gente com raiva, que diz que vota em qualquer um contra Bolsonaro, mas não vota em Lula de jeito nenhum", disse.

"Com um período de calmaria, resolvendo a economia, acho que a inflação global tende a melhorar no primeiro trimestre do ano que vem, e tem muita entrega que o governo vai ter condições de mostrar. Só briga, só conflito, é uma estratégia da oposição, inteligente por parte deles", completou.