PSDB: Doria encerra campanha das prévias no RS, terra do concorrente Leite

João Doria (PSDB-SP) escolheu o estado do concorrente Eduardo Leite (PSDB-RS) para encerrar sua campanha nas prévias marcadas para o próximo domingo (21) —nesta data, o partido vai escolher o candidato que vai concorrer ao Planalto em 2022. O governador paulista se encontrou com colegas tucanos em Porto Alegre ontem à noite.

Doria e Leite são os principais concorrentes no pleito interno, que tem ainda o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) na disputa. Em cenário apertado, o paulista tem conseguido recuperar alguns deputados que apoiavam o gaúcho, mas Leite ainda segue à frente entre medalhões, enquanto Doria deverá ter maior número de filiados sem mandato.

Relacionadas

Discurso de Moro chacoalha prévias do PSDB e reforça discurso para 3ª via

Doria e Virgílio criticam, e Leite nega pedido de adiamento de prévias

Rixas com Doria e Lula e decepção nas redes travam ida de Bolsonaro ao PL

O evento foi realizado por apoiadores de Doria no Rio Grande do Sul e em São Paulo, sem envolvimento direto dos diretórios gaúcho e de Porto Alegre, que apoiam Leite. A ex-governadora Yeda Crusius (PSDB) foi a principal anfitriã.

O encerramento em Porto Alegre é a jogada final de Doria antes do pleito. Leite tem amplo apoio em seu estado. Segundo o diretório gaúcho, "pode-se contar nos dedos de uma mão" o número de eleitores do paulista.

Leite já vem fazendo movimento semelhante em São Paulo há um tempo. Estado com maior número de filiados do PSDB e mais de 60% dos inscritos nas prévias, o diretório paulista também chama de "gota no oceano" o número de votantes no gaúcho.

O governador do Rio Grande do Sul, no entanto, tem conseguido angariar apoio de alguns políticos com mandato em São Paulo, que têm mais peso do que o dos filiados, com pelo menos três vereadores paulistanos e alguns prefeitos do interior.

Com a totalidade dos deputados estaduais e federais, Doria ainda tem soberania paulista, mas a escolha destes "desertores", em especial na capital até abril governada por Bruno Covas (PSDB), é considerada simbólica.

Em uma tentativa de despistar a tensão, Leite e Doria trocaram mensagens no Twitter ontem. O gaúcho o convidou para ir à sede do governo do Rio Grande do Sul, o Piratini, e os dois tomaram chimarrão juntos. Doria partiu, então, para seu evento em um hotel da capital.

Filiados de um lado, medalhões do outro

O partido estabeleceu regras diferentes para a votação de domingo. Os filiados foram divididos em quatro grupos distintos o que acaba dando mais força a certos representantes.

• Governadores, vices, ex-presidentes, presidente, senadores e deputados federais: 25%
• Prefeitos e vices: 25%
• Vereadores (12,5%) e deputados estaduais (12,5%): 25%
• Filiados: 25%

A votação deverá ser feita por aplicativo em todo o país e presencialmente em Brasília para os políticos com mandato, em uma grande convenção tucana. Segundo o partido, quase 45 mil filiados se inscreveram.

Entre os mandatários, todos os quase 50 medalhões (governadores, vices, senadores, deputados federais e ex-presidentes) se inscreveram, assim como todos os deputados estaduais.

Segundo os cálculos das respectivas campanhas, com apoio da maioria dos ex-presidentes e senadores, o grupo de medalhões e deputados estaduais deverá ser o principal trunfo de Eduardo Leite. Já Doria deverá triunfar entre filiados e, de forma mais apertada, entre prefeitos e vices. Vereadores são uma incógnita para as duas campanhas.

À frente do maior diretório e da maior bancada, Doria abriu as conversas sobre as prévias, no meio do ano, como favorito. Na noite de ontem, o PSDB-SP comemorou os mais de 26 mil paulistas inscritos para votar, cerca de 60% do total de aptos.

Desde setembro, no entanto, Leite tem intensificado a campanha para ganhar votos entre filiados e prefeitos, em especial em São Paulo, para onde viajou por semanas seguidas.

Já o paulista tem focado em virar votos de parlamentares. Na última semana, conseguiu três apoios que estavam mais próximos de Leite. Ele conseguiu também reforço no Nordeste e no Centro Oeste, depois de revezes no Paraná e na Bahia.

Da forma que foi estruturado, o modelo do pleito tucano não é fácil de estimar. Diferente do modelo norte-americano, no entanto, os colégios eleitorais não são por maioria, mas unitário, o que significa que cada voto conta. As duas campanhas falam em vitória. O resultado deverá ser apertado.

Os dois deverão se enfrentar no quarto debate entre os pré-candidatos, promovido pela CNN Brasil nesta noite. Na sexta (19), ambos devem participar ainda do Congresso do MBL, em quadros diferentes.

A votação das prévias começa, via aplicativo, às 0h do domingo e presencialmente às 8h, em Brasília. Em ambos, a votação é encerrada às 15h. O resultado deve sair em cerca de 1h30 e haverá segundo turno no domingo seguinte (28), caso nenhum consiga mais do que 50% dos votos.