Celso Amorim diz que não há esforço para aproximar Lula dos militares
Ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores nos governos petistas de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, o diplomata Celso Amorim disse que não há esforços para aproximar o líder petista, provável candidato à Presidência em 2022, das Forças Armadas e que seus membros devem ficar fora da política.
Em entrevista à colunista Bela Megale, do jornal O Globo, Amorim, apontado como um dos interlocutores do ex-presidente com as Forças Armadas, disse que essa aproximação não é uma preocupação de Lula.
Não há esforço para se aproximar dos militares, quebrar a resistência. Essa não é uma preocupação de Lula. Os militares têm que ficar fora da política e isso é o natural, não é desvalorizá-los. Eles já têm um papel muito importante, que é o de ser, ao lado da diplomacia, a linha de frente da soberania nacional. É natural tratar com militares temas como submarinos e defesa aérea, mas não tem sentido correr atrás deles para saber o que pensam sobre política. Vivemos um momento infeliz, porque os governantes os chamaram ao poder Celso Amorim, ex-ministro da Defesa
Mais de 6,1 mil militares da ativa e da reserva ocupam cargos civis no governo Bolsonaro atualmente.
Segundo o colunista do UOL Thiago Herdy, é praticamente certo que Lula, caso vença as eleições, colocará uma autoridade civil para chefiar o Ministério da Defesa, assim como ocorreu em suas duas gestões (2003-2010), quando foram ministros José Viegas, José Alencar, Waldir Pires e Nelson Jobim.
Amorim defende que as Forças Armadas sejam como "uma importante burocracia do Estado, como outras que existem". Ele acredita que o petista não encontrará resistência da caserna, caso vença o pleito do ano que vem.
"Quem está se encarregando de acabar com qualquer resistência que possa ter a Lula é o Bolsonaro, ao tratar os militares como 'meu Exército', como se fossem golpistas", diz ele. Desde que assumiu a Presidência, Bolsonaro usou a expressão "meu Exército" várias vezes, o que gerou incômodo nos militares.
Amorim também falou sobre a viagem de Lula pela Europa, na qual esteve presente. Ele avaliou a agenda como positiva, porque os líderes internacionais estavam com a ideia do Brasil ligado à "imagem apocalíptica, de ignorância do mundo, representada por Bolsonaro".
Lula se encontrou com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, entre outros compromissos.
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