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Lula cita 16 anos de Merkel na Alemanha e minimiza ditadura na Nicarágua

                                 Ex-presidente Lula cumpre agenda na Europa                              -                                 Thomas SAMSON / AFP
Ex-presidente Lula cumpre agenda na Europa Imagem: Thomas SAMSON / AFP

Do UOL, em São Paulo

22/11/2021 21h31Atualizada em 23/11/2021 12h13

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou a reeleição do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, e traçou uma comparação com o tempo de poder da chanceler alemã Angela Merkel, eleita democraticamente.

A declaração ocorreu durante entrevista concedida ao jornal espanhol "El País". O próprio petista, virtual candidato nas eleições do ano que vem, divulgou o vídeo em suas redes sociais. (Assista à entrevista abaixo)

Sabe, eu não posso ficar torcendo... por que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega, não? Por que [o ex-presidente da Espanha] Felipe González, aqui, pôde ficar 14 anos [na verdade, são 13 anos]? Qual é a lógica? Trecho de entrevista de Lula concedida a El País

Uma das jornalistas presentes na entrevista rebateu Lula, dizendo que nem Merkel e nem González prenderam os seus opositores.

"Sabe, eu não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil, eu fui preso. Fiquei 580 dias preso para que o Bolsonaro fosse eleito presidente. Eu não sei o que as pessoas fizeram [na Nicarágua] para que fossem presas. Se o Daniel Ortega prendeu a oposição, como fizeram comigo no Brasil, ele estará totalmente errado", argumentou Lula, em seguida.

EUA e UE não reconheceram vitória de Ortega

Daniel Ortega, um ex-guerrilheiro de 76 anos e que está no poder desde 2007, obteve seu quarto mandato consecutivo com 75,92% dos votos, mas os resultados não foram reconhecidos por Estados Unidos, União Europeia e vários países latino-americanos.

Nos meses anteriores ao pleito, dezenas de opositores, incluindo sete candidatos presidenciais, foram detidos sob acusações de conspiração e outros crimes, deixando o caminho livre para Ortega.

A OEA (Organização dos Estados Americanos) declarou que as eleições na Nicarágua não foram justas e carecem de "legitimidade democrática", o que obrigou a entidade a pedir uma "avaliação coletiva imediata". Em retaliação, Ortega formalizou na última sexta-feira (19) a saída da Nicarágua do órgão.

Já o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos impôs sanções ao Ministério Público da Nicarágua e a outros nove altos funcionários do governo de Ortega, entre eles o vice-ministro das Finanças, José Adrián Chavarria Montenegro; o ministro de Minas e Energia, Salvador Mansell Castrillo; e vários prefeitos. As medidas punitivas implicam no bloqueio de todas as propriedades e possíveis bens dessas pessoas nos Estados Unidos.

Os EUA acusam o Ministério Público nicaraguense de ter "prendido e investigado injustamente candidatos presidenciais e os impedidos de concorrer a cargos públicos, minando a democracia na Nicarágua".