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Tebet: MDB não esquece o que PT fez no passado, mas isso não impede diálogo

Simone Tebet no lançamento de sua pré-candidatura em 2022 pelo MDB - Reprodução
Simone Tebet no lançamento de sua pré-candidatura em 2022 pelo MDB Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

10/12/2021 08h35

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata à Presidência da República, disse que seu partido não pode esquecer "o que o PT fez no verão passado", mas reconheceu que isso não impede o diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, provável candidato do partido. "A política é a arte de dialogar", disse a parlamentar, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

A política é a arte de dialogar, temos que dialogar com todos até para dizer não. Temos que dialogar para dizer que nós não concordamos que o Brasil volte àquele passado nebuloso com condutas erradas. O caos econômico que vivemos hoje não deixa de ser uma consequência de erros da gestão Dilma. É óbvio que passou de lá para um presidente menos capaz ainda e que, no momento da pandemia, abandonou o País à própria sorte. Não podemos esquecer o que o PT fez no verão passado, mas isso não impede de dialogar com quer que seja. O diálogo é a arte de procurar consenso Simone Tebet

Sobre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que aparecem à frente nas pesquisas eleitorais mais recentes, Tebet avalia que "a única coisa diferente é que um é democrata e o outro, não".

"Tenho que reconhecer que a esquerda hoje no Brasil é democrática, fez a transição e nunca ameaçou as instituições. Mas só nisso que eles diferem. Os dois não representam o que o Brasil precisa", disse a pré-candidata.

A senadora também não poupou o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos), que já aparece com dois dígitos nas pesquisas eleitorais. "O Brasil não tem mais tempo para aventuras, para arriscar, e não pode mais entrar nessa onda de experimentação."

"Eu acredito muito na coerência e na sensibilidade dos homens públicos do País. Todos sabemos da importância do momento que estamos vivendo. Ou colocamos o projeto de País na frente do projeto partidário ou vamos todos morrer abraçados, afogados", acrescentou a parlamentar.

Questionada se uma candidatura única na terceira via é possível, ela avaliou que esse "afunilamento vai se dar naturalmente" e que não se trata de quem está melhor nas pesquisas. "Você tem que fazer uma conta geral: quem é que tem condições de tirar Bolsonaro do segundo turno? Ninguém pode colocar essa possibilidade em risco."

Tebet disse ainda não cogitar a possibilidade de um segundo turno entre Lula e Bolsonaro. "O centro democrático precisa oferecer para o país uma esperança. Não podemos depender de líder do passado, que desencantou boa parte da população brasileira pelo que deixou de fazer e pelos erros que cometeu. Mas, principalmente, temos que ter uma opção para o País que não seja o presente, o atual presidente."

'Me coloquei como candidata e só tenho plano A'

Tebet avaliou que o maior desafio de sua pré-campanha é se tornar conhecida e que a candidatura própria do MDB é "para valer".

Ela reconheceu que o partido cometeu erros e avaliou que "o Centrão só virou o Centrão quando o MDB deixou de ter a força que tinha para ser o fiel da balança em um governo".

"Cometemos muitos erros, os caciques entraram na lama, mas o MDB nunca indicou candidato a presidente. Deu sustentação para o Lula, que é da esquerda, e para o PSDB, que é da direita. Sem o MDB, eles não governariam o País. A maioria do MDB ia para o governo por uma convicção do papel que um grande partido representa em qualquer democracia. Quando o maior partido enfraquece, você abre margem para o autoritarismo e para o extremismo."

Tebet ainda comentou uma fala do ex-presidente Michel Temer (MDB), sobre ela ser uma "boa vice" para o governador João Doria, pré-candidato do PSDB, e foi questionada se essa aliança é possível.

O presidente Michel Temer, a quem respeito muito, não sabe como foi a construção da minha candidatura. Eu abri mão de um processo eleitoral de reeleição no Senado. Eu vim para ser candidata depois de muita conversa, diálogo com o partido e um processo de internalizar essa ideia. A partir disso, eu entrei de cabeça. Eu me coloquei como candidata e só tenho plano A. Espero que ninguém fale que eu possa ser uma boa vice pelo fato de eu ser mulher Simone Tebet

Sobre a conversa com outros partidos, a senadora disse que irá conversar com o centro democrático e que, portanto, não vê como dialogar com Bolsonaro, alguém que ela entende "não ser um democrata nesse processo".