Bolsonaro posta vídeo em que homem chama vacina contra covid de 'porcaria'
O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou novamente a eficácia das vacinas contra a covid-19 em vídeo divulgado hoje nas redes sociais. Em resposta a uma publicação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que não citava os imunizantes, o chefe do Executivo compartilhou imagens de um homem chamando a vacina de "porcaria".
No vídeo, o homem diz que os imunizantes contra a covid-19 são ineficazes porque pessoas vacinadas seguem "passando a doença" e "não estão imunes". Na verdade, estudos científicos avaliados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) apontam que nenhuma vacina protege 100% de qualquer doença, mas está comprovado que a vacinação reduz o risco de infecção, hospitalização e morte por covid-19.
"A gente desde que tomou vacina de poliomielite, sarampo, rubéola, o que seja, são vacinas que você tomou e você nunca mais teve aquela doença. Você associou: 'estou vacinado, estou imunizado, estou imune, não vou pegar mais aquela doença'", relata o homem, no vídeo divulgado pelo presidente da República.
"E com esse psicológico aí, todo mundo foi induzido a tomar essa porcaria porque achou que estaria imune", acrescenta ele, dizendo que as pessoas estão "morrendo de outras causas adversas que estão dando nome de variante ômicron e qualquer outra coisa".
Eficácia na população foi maior do que em testes
As vacinas usadas no Brasil contra a covid-19 tiveram uma eficácia na população maior, em alguns casos, do que os índices alcançados no período de testes com voluntários. A conclusão faz parte do primeiro boletim do projeto Vigivac, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que teve como base 150 milhões de pessoas que tomaram uma das quatro vacinas administradas no país até outubro.
Segundo a avaliação, as vacinas tiveram uma efetividade entre 83% a 99% para casos graves e óbitos entre as faixas etárias de 20 e 80 anos. Na população abaixo de 60 anos, essa proteção ficou acima de 85% contra risco de hospitalização e de 89% para óbito, em todos os casos. A conclusão do levantamento é que CoronaVac, AstraZeneca, Pfizer e Janssen são eficazes para reduzir drasticamente internações e mortes.
"Foi uma boa surpresa para nós que, na vida real, os números foram melhores do que no período de testes", afirma ao UOL Manoel Barral-Netto, pesquisador na área de imunologia da Fiocruz Bahia e líder do estudo.
O sucesso da vacinação é apontado como ponto-chave para a redução de casos graves e mortes de covid-19 desde abril. Desde então, há uma queda constante nos índices, sem que nenhum estado registre nova onda da doença —como ocorreu, por exemplo, com países da Europa.
Bolsonaro diz que não se vacinará
Bolsonaro frequentemente ataca as vacinas contra a covid-19. Até o momento, o chefe do Executivo afirma não ter se imunizado contra a doença, apesar de a esposa, Michelle, e o filho Eduardo confirmarem publicamente que já estão vacinados.
Na semana passada, o presidente criticou a recomendação da quarentena de cinco dias para viajantes não vacinados contra a covid-19 que quiserem entrar no Brasil. Na mesma declaração, ele voltou a defender a hidroxicloroquina para pacientes do coronavírus, mesmo após estudos apontarem que o remédio não tem eficácia contra a covid-19.
"Tomei hidroxicloroquina e, se me contaminar de novo, tomo outra vez. Temos de ter respeito à autonomia do médico", afirmou Bolsonaro.
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