Moro e Bolsonaro devem dividir palanque no PR em aliança com Ratinho Júnior
Pré-candidato do Podemos ao Planalto, Sergio Moro pode ter palanque dividido com o presidente Jair Bolsonaro (PL) em seu estado natal. Antigos aliados, Moro e Bolsonaro hoje estão rompidos e costumam trocar críticas.
O Podemos articula uma aliança com o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), candidato à reeleição e apoiador do presidente.
A proposta do partido é que Ratinho apoie a candidatura do senador Alvaro Dias (Podemos) à reeleição. Seria uma reedição da aliança entre Podemos e Ratinho feita em 2018, quando ambos saíram vitoriosos das disputas.
Na última eleição estadual, o atual governador assumiu o comando do Paraná e o partido de Moro ganhou uma cadeira no Senado com Oriovisto Guimarães —hoje, todos os senadores paranaenses são do Podemos.
Aliança predomina
Segundo Alvaro Dias, principal liderança do Podemos no estado, ainda não há uma definição do partido, que discute o "projeto mais adequado para as eleições do ano que vem".
"O que tem predominado até aqui é uma aliança com o governador, mas isso não exclui outras hipóteses", falou Alvaro Dias ao UOL. "Se obstáculos forem colocados nessa aliança, o partido estudará uma alternativa, que seria a de uma candidatura ao governo."
Consultados, outros líderes do Podemos se dizem contra a aliança e são favoráveis a ter uma candidatura própria ao governo paranaense. Um dos motivos seria justamente evitar o risco de ter a candidatura de Moro associada a um governador que deu apoio a Bolsonaro nos últimos anos.
Porém, o acerto com Ratinho, que beneficiaria Alvaro Dias como senador ligado ao governador, tem prevalecido no partido. A análise é de que, com o apoio de Ratinho, ele evitaria ter um oponente com a máquina estadual à disposição para fazer campanha para o Senado.
De novo em 2022?
Em 2018, a aliança de Ratinho tinha, além de Podemos e PSD:
- PPS (hoje Cidadania),
- PV,
- Avante,
- PSC,
- PR (hoje PL),
- PRB (hoje Republicanos),
- PHS (que foi incorporado ao Podemos);
Desse grupo, porém, hoje há partidos que, nacionalmente, são oposição ao governo Bolsonaro, apoiado por Ratinho. Entre eles, estão PV e Cidadania, por exemplo. Estes não querem envolvimento com o presidente.
Por outro lado, há agremiações que dão apoio ao presidente, como o Republicanos e o próprio PL, que agora abriga Bolsonaro.
Uma sinalização clara de Ratinho em relação a Bolsonaro ou a Moro poderia ter efeitos sobre essas alianças, segundo líderes partidários ouvidos pelo UOL.
Terceiro presidenciável
O palanque de Ratinho ainda terá mais do que Moro e Bolsonaro como presidenciáveis. O PSD, partido do governador, pretende que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, seja candidato ao Planalto.
Entre os políticos, porém, há apostas de que, no final, o PSD deve se aliar a alguma outra candidatura, sendo a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma das prováveis.
"Administrável"
Para Alvaro Dias, a aliança estadual não afetaria a candidatura nacional porque "isso ocorrerá em praticamente todos os estados". "Então isso é administrável. Não há uma verticalização de aliança no Brasil. A aliança nacional nem sempre se repete nos estados."
Nos bastidores, outro nome é especulado como possibilidade de ser candidato ao Senado na aliança de Ratinho, o de Guto Silva (PSD), secretário-chefe da Casa Civil paranaense.
Líderes de agremiações da aliança de Ratinho, porém, dizem que ainda é cedo para se tomar uma decisão já sobre alianças. Antes, as atenções deverão ficar concentradas nos movimentos de partidos sobre federações, o que irá se desenrolar ao longo do primeiro trimestre do ano que vem e poderá mudar as peças do xadrez político.
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