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Lula, sobre orçamento secreto: 'Bolsonaro está de quatro para o Congresso'

Lula disse que Bolsonaro está "refém" do Congresso por conta do orçamento secreto - Reprodução/YouTube
Lula disse que Bolsonaro está "refém" do Congresso por conta do orçamento secreto Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

03/02/2022 09h16Atualizada em 03/02/2022 13h15

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) em entrevista hoje à rede de rádios RDR, do Paraná, e disse que o atual mandatário "está de quatro para o Congresso". O comentário foi feito pelo petista ao ser questionado sobre o emprego do orçamento secreto pela União.

"Desde D. Pedro, nós não tivemos nunca ninguém que se rastejasse tanto para o Congresso Nacional como o presidente Bolsonaro. Ele está de quatro diante do Congresso Nacional. Ele não tem força para dizer as coisas", afirmou Lula.

Orçamento secreto foi o nome dado ao esquema do governo federal para disponibilizar verbas a deputados federais e senadores sem transparência. O mecanismo permite que os valores sejam repassados em nome do relator-geral do orçamento, de modo que o parlamentar que recebeu o dinheiro não seja identificado nas prestações de contas do governo.

O petista também disse que o repasse das verbas sem respeitar critérios de transparência é uma forma de "extorquir prefeitos e a população". Ele afirmou que, se for eleito, vai discutir em janeiro do ano que vem uma nova forma de relação entre os entes federados.

"Ninguém pode imaginar um país rico se a cidade está pobre. Nós precisamos priorizar a relação com os prefeitos. Nós vamos voltar a fazer os prefeitos terem orgulho de ser prefeitos. Não é só prefeito o contribuir com imposto para a União, mas a União devolver de forma justa os impostos para investimento nas cidades", disse.

As críticas do ex-presidente ocorrem após Bolsonaro subir o tom nos ataques ao petista, a Dilma Rousseff e ao PT. Em um evento da Petrobras na última segunda-feira (31), Bolsonaro afirmou que, numa eventual volta do partido ao governo federal, Lula aceitaria indicações de partidos para cargos em estatais, algo que ele afirma que não faz.

"Alguém acha que se o cara [Lula] voltar, o José Dirceu não vai para a Casa Civil? Que a Dilma não vai para a Defesa? Ela é mandona. E os demais ministérios seriam rateados entre os partidos novamente, ou não seriam?", questionou o presidente.

Cidades e estados como prioridade

Durante a entrevista, Lula disse que, caso vença a corrida presidencial, vai tratar as demandas de governadores e prefeitos como "prioridade". "Não é possível um presidente governar o Brasil sem contar com os prefeitos e governadores. É por isso que a gente fazia reuniões com eles. É na cidade que passa o problema. É na casa do prefeito que a população vai xingar. O prefeito é a representação da República naquela cidade", afirmou.

O ex-presidente também defendeu seu governo ao dizer que nunca rejeitou reuniões com lideranças regionais por conta de desavenças políticas. "Duvido que tenha um prefeito ou governador que diga que tenha deixado de ser atendido por ser de outro partido. Eles foram eleitos pelo povo, então eu preciso tratá-los com respeito", disse.

Desde o início de seu governo, mas sobretudo após a pandemia da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro entrou em confronto direto com governadores e prefeitos. Ele faz críticas recorrentes ao que chama de "fecha tudo", se referindo às medidas sanitárias tomadas por estados e municípios para conter o avanço de contaminações pelo novo coronavírus.

'Preço da gasolina não vai ser dolarizado'

Lula ainda fez comentários sobre a política de preços da gasolina no país e disse que vai desvincular o combustível da moeda dos Estados Unidos. "Nós não vamos manter o preço dolarizado. Eu não posso enriquecer o empresário norte-americano e empobrecer a dona de casa brasileira", afirmou.

O petista também falou sobre as privatizações que Bolsonaro tem defendido no governo. "Esse governo não sabe criar emprego, negociar com sindicato. Então ele vende tudo. Isso não é governar. Isso é destruir o patrimônio que nós mesmos construímos", completou o ex-presidente.