Moro posa com estátua de Padre Cícero, dias após polêmica de Bolsonaro

O ex-juiz, ex-ministro da Justiça e pré-candidato à Presidência Sergio Moro (Podemos) publicou ontem uma foto, sem legendas, em que aparece à frente de uma estátua de Padre Cícero (1844 - 1934), em Juazeiro no Norte, no Ceará. A publicação foi feita dias após o presidente Jair Bolsonaro (PL) errar a origem do líder religioso cearense.

O ex-juiz também comemorou nas redes sociais o recebimento do título de "Cidadão Juazeirense", concedido pela Câmara Municipal.

A publicação do político foi curtida por mais de 9 mil pessoas em seu perfil no Twitter e recebeu comentários até mesmo do ex-ministro da Educação, também do governo Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodriguez.

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"Força, Sérgio Moro, Democracia e Desenvolvimento sem corrupção: essa é a receita de que o Brasil precisa", escreveu o ex-ministro.

No último mês, Vélez já havia escrito em seu blog que o atual mandatário "perdeu o rumo" e disparou críticas à gestão de Bolsonaro. Vélez também declarou no texto o seu apoio à candidatura de Moro.

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Moro recebe título em Juazeiro

Hoje, Moro também comemorou nas redes sociais o recebimento do título de "Cidadão Juazeirense", concedido pela Câmara Municipal da cidade, localizada a cerca de 530 km de distância de Fortaleza.

"Estou feliz de estar aqui e orgulhoso pela homenagem", escreveu Moro ao divulgar uma foto com a honraria recebida.

O presidenciável agradeceu ao prefeito de Juazeiro, que também é seu colega de partido, Glêdson Bezerra e aos vereadores da Câmara pela homenagem.

Em outra postagem, Moro apareceu comprando uma imagem do padre. "Vou levar uma imagem do Padre Cícero para minha mãe. Minha família é cristã e admiro a fé deste povo tão amável e hospitaleiro", escreveu.

De passagem pelo Ceará, Moro tem explorado sua presença em Juazeiro do Norte em publicações nas redes sociais, possivelmente numa forma de acentuar a gafe cometida pelo chefe do Executivo na semana passada.

Bolsonaro no Nordeste

O presidente também cumprirá agenda no Nordeste nesta semana. Nos próximos dias, Bolsonaro deve visitar os estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

Um dos compromissos, inclusive, está marcado para ocorrer em uma rodovia chamada "Padre Cícero", no município cearense de Jati, onde o presidente visitará uma barragem.

O mandatário deve acompanhar a chegada das águas do Rio São Francisco ao Rio Grande do Norte na quarta-feira (9), às 11h, um dia após visitar a Estação de Bombeamento do Eixo Norte 3 em Salgueiro, Pernambuco.

O Nordeste é o principal reduto eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que segue na liderança da corrida eleitoral para o pleito deste ano. Com cerca de 40,5 milhões de eleitores e Estados governados por políticos de esquerda em sucessivos mandatos, decolar na região tem sido um desafio para outros presidenciáveis.

Bolsonaro erra origem de Padre Cícero

Na última semana, o presidente Bolsonaro errou a origem de Cícero Romão Batista, mais conhecido como Padre Cícero, durante transmissão realizada nas redes sociais.

"Falaram que eu revoguei o luto de Padre Cícero. Lá do Pernambuco, é isso mesmo? Que cidade que fica lá?", questionou.

Na verdade, o líder religioso nasceu em Crato (CE), mas se estabeleceu e fixou moradia em Juazeiro do Norte, onde há inclusive uma estátua de 27 metros de altura em sua homenagem.

Como nenhum assessor respondeu, o chefe do Executivo completou:

Cheio de pau de arara aqui e não sabem em que cidade fica Padre Cícero? Jair Bolsonaro, em live reproduzida nas redes sociais

"Pau de arara" são caminhões adaptados para transportar passageiros em sua carroceria de forma irregular. Foram muito usados nas migrações do Nordeste para a região Sudeste no século passado, principalmente para o estado de São Paulo. O termo, geralmente direcionado a nordestinos, é considerado pejorativo e preconceituoso.

Professores de ciências humanas ouvidos pelo UOL avaliaram que o uso do termo remete a um histórico preconceito ao Nordeste e ao nordestino pelo menor grau de desenvolvimento que a região teve ao longo de décadas — e por isso mesmo não deveria mais ser usado.