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Salles ataca Moro após carta a cristãos: Se cercou de militantes pró-aborto

Ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) - Roberto Sungi/Futura Press/Estadão Conteúdo
Ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) Imagem: Roberto Sungi/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

08/02/2022 13h36

O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles atacou o presidenciável Sergio Moro (Podemos) após ele divulgar uma carta aberta ontem dizendo ser contra a ampliação do aborto legal no país.

Em sua conta no Twitter, Salles escreveu que, enquanto esteve no governo como ministro da Justiça e Segurança Pública, Moro, a quem chama de "Pato Quack", se cercou de "militantes pró-drogas, antiarmas e pró-aborto [sic]".

"Não adianta agora fazer cartinha. O fato é que o Pato Quack se cercou de militantes pró-drogas, anti-armas, pro aborto e um monte de esquerdinhas [sic] disfarçados ou camuflados de técnicos, mas que tentaram a todo momento subverter a orientação conservadora do governo", diz a postagem de Salles. O UOL procurou a assessoria de Moro para comentar sobre a publicação, mas ainda não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestação.

O ex-juiz já declarou ser contra a liberação da maconha. No que diz respeito ao aborto, numa avaliação feita em sua tese de doutorado apresentada à Universidade Federal do Paraná, em 2002, Moro disse que "Roe vs. Wade", decisão judicial que liberou a prática nos EUA, é "razoável".

Conforme mostrou reportagem do jornal Folha de S.Paulo, por causa disso, o ex-juiz foi chamado de abortista por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas ele fez uma análise da decisão à luz do direito constitucional, sem emitir juízo de valor sobre a prática.

No Brasil, o Código Penal trata, desde 1940, do aborto nos artigos 124 a 128, e a pena para a mulher que o praticar é de um a três anos de detenção. O procedimento só não é punido em caso de estupro ou risco de morte para a gestante. Em 2012, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que também era permitido em caso de anencefalia fetal.

Conforme divulgado na carta ontem, Moro disse que defenderá "a não ampliação da legislação em relação ao aborto".

Já em relação às armas, o presidenciável declarou, em maio de 2019, quando ainda era ministro, que o decreto assinado por Bolsonaro para flexibilizar as regras para compra e porte não fazia parte de uma estratégia de combate à criminalidade.

"Não tem a ver com a segurança pública. Foi uma decisão tomada pelo presidente em atendimento ao resultado das eleições", afirmou ele na ocasião.

Em julho de 2020, depois de deixar o governo, Moro fez uma autoavaliação, em entrevista à Globonews, e declarou que "talvez pudesse ter me insurgido mais" ao falar sobre o tema.

Sobre facilitar o acesso da população às armas, ele disse, na ocasião, que "concorda até determinado nível", mas avaliou que a política poderia virar um problema de segurança pública.

"Acho que flexibilizar a posse de arma em casa mais é algo aceitável, mas acima de determinado ponto você começa a gerar uma política perigosa. Esses armamentos podem ser desviados para o crime e você não tem rastreamento adequado", explicou.

Na carta, Moro também fala em "preservar as crianças e adolescentes da sexualização precoce" e diz ser contra a tributação de igrejas, num aceno aos cristãos.

O movimento ocorre num momento em que o ex-juiz tenta atrair parcela do eleitorado do presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem deve disputar o Planalto este ano.