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Mendonça envia à PGR ações contra Bolsonaro por ligação com obra de Hang

Hang junto com Bolsonaro; presidente é suspeito de ter cometido crime de advocacia administrativa - 23.set.2021 - Reprodução/Facebook
Hang junto com Bolsonaro; presidente é suspeito de ter cometido crime de advocacia administrativa Imagem: 23.set.2021 - Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

12/02/2022 15h31

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça encaminhou para a PGR (Procuradoria-Geral da República) duas notícias-crime movida por parlamentares contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele é alvo de ações que o acusam de ter cometido o crime de advocacia administrativa em favor do empresário Luciano Hang, seu apoiador.

Em 15 de dezembro, Bolsonaro disse que mandou "ripar" servidores do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ao ser informado que o órgão interditou uma obra de uma loja do empresário. A suspeita de intervenção do presidente no instituto em razão de um interesse privado fez com que ele fosse alvo das ações.

Uma das notícias-crime foi apresentada, em conjunto, pela deputado federal Tabata Amaral (PSB-SP) e pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). A outra é de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que, além da advocacia administrativa, também acredita que o presidente tenha cometido o crime de prevaricação por um ato que beneficiaria Hang. Eles pedem que haja uma apuração a respeito do que Bolsonaro disse.

Ao saber que Mendonça, ministro indicado ao STF por Bolsonaro, ficaria à frente da questão, Rodrigues pediu que ele se declarasse parcial para conduzir o caso. O ministro não reconheceu sua suspeição, como disse no mesmo despacho em que encaminhou as notícias-crime para apreciação da PGR. O documento foi incluído no sistema eletrônico do STF neste sábado (12).

Não há prazo para que a Procuradoria se manifeste a respeito das ações movidas pelos parlamentares.

Achado arqueológico

O caso do Iphan veio à tona em maio de 2020, quando Kátia Bogéa, ex-presidente do órgão, afirmou ter sido demitida após a paralisação da construção de uma loja da Havan em Rio Grande (RS), devido a um achado arqueológico. A empresários, Bolsonaro disse que a obra parou devido a um "pedaço de azulejo nas escavações".

"Tomei conhecimento que uma obra de uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, estava fazendo mais uma loja, e apareceu um pedaço de azulejo nas escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta e (perguntei) que trem é esse? O que é Iphan? Explicaram para mim, tomei conhecimento e ripei todo mundo do Iphan", disse o presidente, que foi aplaudido pelo público de empresários.

Quando as ações foram apresentadas ao STF e distribuídas a Mendonça, o UOL pediu uma manifestação do Planalto, mas não houve retorno.

Em dezembro, durante uma transmissão ao vivo na internet, Bolsonaro falou sobre o assunto e defendeu a decisão que tomou. "Eu mandei investigar e cheguei à conclusão que o pessoal que estava no Iphan tinha que ser trocado", afirmou o presidente. "Você vota no presidente para quê? Para deixar tudo como está? Ou para mudar alguma coisa? Então mudamos", complementou.