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Frederick Wassef vira réu por suposto crime de racismo contra mulher no DF

Acusado de racismo, Frederick Wassef rebate: "Discuti com uma menina branca e não a ofendi" - Daniel Marenco/Agência Globo
Acusado de racismo, Frederick Wassef rebate: "Discuti com uma menina branca e não a ofendi" Imagem: Daniel Marenco/Agência Globo

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

17/02/2022 20h02

O juiz Omar Dantas Lima, da Terceira Vara Criminal de Brasília, decidiu hoje tornar Frederick Wassef, advogado conhecido por atender a família Bolsonaro, réu pelo crime de injúria racial contra uma garçonete em pizzaria do Distrito Federal. Em contato com o UOL, Wassef rebateu acusações e disse ser vítima do crime de denunciação caluniosa.

Não havia funcionárias negras na pizzaria. Nunca proferi ataque racial contra ninguém. Se fosse verdade o que ela afirmou, teriam me prendido em flagrante e filmado com celulares. É mentira que funcionários teriam testemunhado algo. Ela estava sozinha no caixa
Frederick Wassef, em contato com o UOL

A determinação da Justiça ocorre após denúncia apresentada pelo MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal). Ao UOL, Wassef disse que, ao longo do processo, a polícia não fez as devidas investigações antes de indiciá-lo.

"A polícia me indiciou sem nunca ter me ouvido ou investigado o caso. No MP, a promotora responsável pelo caso ignorou determinações anteriores das próprias colegas e ofereceu a denúncia. Protocolei quatro petições para ser ouvido e todas foram ignoradas", afirmou o advogado.

A denúncia foi apresentada pela promotora Mariana Silva Nunes.

Se for condenado, Wassef deverá indenizar Danielle em R$ 20.000 por dano moral. A promotora pede ainda o pagamento de R$ 30.000 por danos morais coletivos. Esse valor deverá ser revertido a instituição que atua no combate à discriminação racial.

Relembre o caso

Segundo os autos do processo, em visita a uma pizzaria no Distrito Federal em outubro de 2020, Wassef teria se recusado a ser atendido pela garçonete Danielle da Cruz de Oliveira.

"Você é negra. Tem cara de sonsa e não vai saber anotar meu pedido", teria dito o advogado à atendente.

Em outro episódio, Danielle relatou que depois de ser atendido, Wassef teria se dirigido à atendente e dito que a refeição estava "uma merda".

Ao ouvir que só ele havia reclamado, Wassef teria perguntado à garçonete se ela havia comido a pizza.

Segundo denúncia do MP, Danielle respondeu que não havia comido a pizza. Wassef teria, então, desferido termos racistas e classistas contra a atendente: "Você é uma macaca! Você come o que te derem".

Segundo Wassef, a queixa de Danielle só foi apresentada à delegacia três dias após o suposto fato. Isso, segundo o advogado, indicaria que ele foi alvo de "armação orquestrada" por opositores de presidente Jair Bolsonaro.

"O objetivo não é buscar a verdade, mas sim assassinar minha imagem e reputação publicamente", afirmou Wassef.

Procurada pelo UOL, Danielle preferiu não se manifestar. A reportagem ainda tenta contato com a defesa da jovem.

Defesa fala em 'resgatar a Constituição'

Em nota, a defesa de Wassef disse estar "perplexa" com o acolhimento da denúncia contra o advogado bolsonarista.

"Havia diligências pendentes no inquérito, que eram, como de fato são, absolutamente relevantes para o esclarecimento da verdade, às quais mostrariam sua a inocência. Isso viola a garantia constitucional de defesa, pois o inquérito não pode ser apenas um instrumento que busque incriminar alguém. Iremos aos tribunais para resgatar a Constituição."